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Economia

6 meses de governo Milei. O que mudou na Argentina?

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Presidente ultraliberal está cumprindo a promessa de de cortar despesas do governo, mas reformas estão paradas no Congresso e população tem precisado se virar para enfrentar os preços ainda altos

Nesta segunda-feira (10) serão completados seis meses desde que Javier Milei tomou posse como presidente da Argentina.

O líder ultraliberal do país, que também se define como libertário, pisou forte no acelerador em uma de suas principais promessas de campanha, que foi o corte de despesas estatais, mas entre as conquistas percebidas no dia a dia da população, a única marcante até agora é a tendência de queda da inflação mensal.

Embora pesquisas de opinião apontem um bom grau de confiança no governo, os argentinos esperam por dias melhores enquanto continuam sendo obrigados a modificar hábitos de consumo.

Veja abaixo alguns dados:

Aprovação do presidente

No final de maio, a Escola de Governo da Universidade Torcuato Di Tella (UTDT) divulgou que o Índice de Confiança no Governo (GCI) de Javier Milei havia aumentado para 2,51 pontos, depois de quatro meses consecutivos de queda. Mas esse nível ainda é menor do que quando ele assumiu o cargo, em dezembro do ano passado, quando ficou em 2,86 pontos. E a mais recente pesquisa da CB Consultores revelou que a imagem positiva do presidente Javier Milei ainda é igual ou superior a 50% em 14 das 24 províncias do país. Tanto na província como na cidade autônoma de Buenos Aires, os índices estão abaixo disso.

Política

A relação de Milei com o Congresso argentino segue aos trancos e barrancos. Após muitas idas e vindas, o pacote de reformas estruturais e fiscais do governo passou pela Câmara no começo de maio, mas parou de novo no Senado. Além disso, os deputados aprovaram na semana uma nova fórmula de reajuste na aposentadorias e pensões e mudanças na educação pública que tendem a engolir uma parte da economia que tem sido feita pelo governo. E o presidente não conta com a apoio de muitos governadores de províncias, devido a cortes e atrasos em repasses de verbas. Milei já deu a entender que pode deixar a maior parte das mudanças para o ano que vem, quando pretende eleger uma grande bancada nas eleições legislativas.

Motoserra

A promessa de campanha de Milei de passar a “motoserra” nos gastos do governo tem sido cumprida à risca. O Ministério da Economia informou que o setor público nacional havia registrado em março três meses consecutivos de superávit financeiro – o superávit primário menos os juros da dívida – pela primeira vez desde 2008. Só o superávit primário no primeiro trimestre alcançou 0,6% do PIB, ultrapassando até mesmo a meta fiscal acordada com o FMI.

Atividade econômica

As mudanças implementadas por Milei ainda não trouxeram o esperado crescimento econômico. Setores como agricultura e mineração têm puxado os indicadores para cima, mas construção, comércio e indústria fazem força contrária. O Estimador Mensal de Atividade Econômica (Emae) apontou uma queda de 5,3% no PIB no primeiro trimestre ante o trimestre anterior. Assim, engatou dois períodos de retração, entrando na chamada recessão técnica. No trimestre, a produção industrial caiu 14,8%.

Pobreza

A taxa de pobreza na Argentina aumentou para alarmantes 55,5% da população no primeiro trimestre de 2024 e a extrema pobreza ou indigência bateu em 17,5%, segundo dados do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina (UCA). Isso está acima do último dado oficial do Indec, referente ao do 4º trimestre de 2023, que apontava para um índice de pobreza de 44,8% e de indigência em 13,8%. Em dezembro, após a desvalorização de 54% do peso, os indicadores subiram para 45,2% e 15,4%, respectivamente.

Inflação

O índice de preços ao consumidor tem experimentado tendência de desaceleração mês a mês: passou de 25,5% em dezembro, para 20,6% em janeiro, 13,2% em fevereiro, 11% em março e 8,8% em abril. Os efeitos das altas são sentidos de forma diferente em cada região e classe econômica. A retirada de subsídios, por exemplo, gerou aumentos de energia e gás em residências, comércios e indústrias de todo o país. O incremento nos boletos para a classe média passou de 115% nas contas luz em junho, enquanto no gás o ajuste girou em torno de 6%. Outro exemplo é o preço do pão. No final de maio, foi praticado um reajuste médio de 30%, com o quilo do item de primeira necessidade chegando a 2.400 pesos na província de Buenos Aires. O valor é o dobro do observado no final de novembro.

Consumo

A Câmara Argentina de Comércio e Serviços (CAC) informou que seu Indicador de Consumo (IC) registrou uma queda de 4,5% em abril, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Ou seja, a retração se aprofundou, já que em março o IC havia registrado uma redução de 3,8% na comparação interanual. As compras em supermercados e lojas alimentos caíram -21% entre abril e março, enquanto as vendas de combustíveis recuaram 18%.

Mudanças de hábitos

Com os preços ainda instáveis, os argentinos estão tendo que se virar no dia a dia, criando novos hábitos de consumo. Um e estudo realizado pela consultoria Kantar para a Cadam, a associação dos atacadistas, mostrou que 51% dos argentinos mudaram de estratégia na hora de comprar: eles estão renunciando a marcas e produtos premium, selecionando opções mais econômicas, retardando o consumo à espera de promoções e optando pelos mercado menores nos bairros. 35% das pessoas deixam de buscar produtos que consumiam habitualmente e 55% dos consumidores estão comprando apenas o que precisam, atentos a ofertas ou descontos.

(Fontes: Indec, Cadam, Câmara Argentina de Comércio e Serviços, Ministério da Economia, Clarín, Lan Nación, InfoBae, Perfil, Ámbito Financiero)

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