Venezuela Surpreende Brasil com Tarifas de Até 77% em Produtos Nacionais
Em um movimento que pegou o governo brasileiro de surpresa, a Venezuela começou a aplicar tarifas de importação que variam de 15% a impressionantes 77% sobre produtos oriundos do Brasil. A medida, que já está em vigor, atinge mercadorias que, até então, eram isentas de tributos sob o Acordo de Complementação Econômica nº 69, assinado em 2014, e acende um alerta sobre as relações comerciais entre os dois países.
A decisão venezuelana, adotada sem aviso prévio ou negociação formal, representa uma quebra unilateral do acordo bilateral. Fontes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e do Itamaraty confirmaram que o Brasil não foi informado oficialmente sobre a mudança, levando o governo a buscar esclarecimentos urgentes junto às autoridades venezuelanas, cogitando inclusive um possível “erro no sistema aduaneiro”.
Impacto Direto em Roraima e no Agronegócio
O estado de Roraima, que faz fronteira direta com a Venezuela, é o mais afetado pela nova taxação. A economia local, que depende significativamente das exportações para o país vizinho (somando US$ 937 milhões nos últimos 5 anos, superando até a China como destino para Roraima), sentirá o impacto imediato. Produtos alimentícios, como farinha, cacau, margarina e cana-de-açúcar, que deveriam estar isentos, agora enfrentam alíquotas que podem inviabilizar o comércio.
Em 2024, o Brasil exportou o equivalente a US$ 1,2 bilhão para a Venezuela, com grande parte composta por alimentos. A imposição dessas tarifas pode reduzir drasticamente as vendas e agravar o cenário para os exportadores brasileiros.
Tensões Comerciais e Contexto Político
A medida venezuelana surge em um momento de crescentes tensões comerciais para o Brasil. Apenas dias antes, o Presidente Donald Trump anunciou a intenção de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025, adicionando uma camada de complexidade ao cenário exportador do país.
Analistas do mercado apontam que a decisão da Venezuela pode ter motivações diversas, desde a proteção da indústria local até razões políticas e estratégicas. A suspensão da Venezuela do Mercosul desde 2016 e sua recente exclusão do grupo BRICS (decisão à qual o Brasil se opôs) são fatores que podem influenciar a postura de Caracas.
O governo brasileiro, que vinha buscando a reconstrução das relações com a Venezuela, agora se vê diante de um impasse que exige cautela diplomática e uma avaliação das possíveis retaliações comerciais. A situação destaca a fragilidade dos acordos bilaterais quando há mudanças unilaterais de regras e a necessidade de o Brasil diversificar ainda mais seus parceiros comerciais.
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