Fechamento da Semana no Agro Brasileiro: Entre Desafios Externos e Sinais de Resiliência

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O agronegócio brasileiro encerrou a semana sob um misto de apreensão e a contínua demonstração de sua resiliência. Enquanto o setor lida com novas e inesperadas barreiras comerciais, a produção no campo e os indicadores de emprego mostram a força de um dos pilares da economia nacional.

Tensões Tarifárias: Venezuela e EUA no Radar

A grande novidade da semana, que gerou surpresa e preocupação, foi a imposição de tarifas pela Venezuela sobre produtos brasileiros, variando de 15% a surpreendentes 77%. A medida, adotada unilateralmente e sem aviso prévio, afeta diretamente exportadores, especialmente de Roraima, que têm na Venezuela um destino crucial para seus produtos alimentícios. O governo brasileiro já acionou canais diplomáticos para buscar esclarecimentos e reverter a situação, que contraria acordos bilaterais existentes.

Paralelamente, a sombra da tarifa de 50% anunciada pelo Presidente Donald Trump para entrar em vigor em 1º de agosto de 2025 continua a dominar as discussões. Setores como o de suco de laranja, café e carne bovina se preparam para o impacto, com exportadores correndo para antecipar embarques e o governo buscando negociações para evitar um cenário que tornaria nossos produtos inviáveis no mercado americano. Há relatos de que o preço do boi gordo já sentiu um recuo de 5% desde o anúncio do tarifaço.

Cenário das Commodities: Estabilidade e Variações

No mercado de commodities, a semana apresentou movimentos variados:

  • Soja: O mercado de soja no Brasil mostrou-se “travado” em algumas praças, com negócios lentos, apesar de algumas variações positivas em regiões específicas.
  • Milho: Registrou leve alta nas cotações.
  • Café: O café arábica teve valorização, influenciado pela alta do dólar e pelas tensões tarifárias, enquanto o robusta apresentou leve queda.
  • Carne Bovina (Boi Gordo): As cotações da arroba do boi gordo registraram um leve recuo, com frigoríficos mais cautelosos nas compras.
  • Suco de Laranja: É o produto mais vulnerável às tarifas de Trump, com o setor buscando alternativas e temendo perdas bilionárias.

Sinais de Força Interna e Investimentos

Apesar dos desafios externos, o agronegócio brasileiro demonstrou vitalidade em outros indicadores:

  • Emprego: O setor continua sendo um grande gerador de empregos. No primeiro trimestre de 2025, o agronegócio empregou 28,5 milhões de pessoas, um crescimento de 0,6% em relação ao ano anterior e a maior participação no total de ocupações do Brasil desde 2012.
  • Plano Safra: O BNDES anunciou um recorde de R$ 70 bilhões em financiamentos para a agricultura no ciclo do Plano Safra 2025/2026, sinalizando um forte apoio ao setor.
  • Logística: A regulamentação do programa BR do Mar promete reduzir custos logísticos em até 60%, o que pode impulsionar a cabotagem e fortalecer os portos brasileiros.
  • Clima: A previsão climática aponta contrastes para o fim de julho, com chuvas beneficiando o Sul, mas com tempo seco e volume irregular preocupando produtores de soja em outras regiões.

Perspectivas:

A semana que se encerra reforça a complexidade do agronegócio brasileiro, um setor que, embora robusto e em constante evolução, é altamente sensível a movimentos geopolíticos e climáticos. A capacidade de adaptação e a busca por novos mercados e eficiência logística serão cruciais para que o agro continue a ser a locomotiva da economia nacional diante de um cenário global cada vez mais imprevisível.

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