Proteção Essencial: O Guia de Vacinação para Caprinos e Ovinos no Brasil
Brasília – O manejo sanitário é um pilar fundamental para a produtividade e a saúde dos rebanhos de caprinos e ovinos no Brasil. A vacinação estratégica é a principal ferramenta para prevenir doenças que causam alta mortalidade e grandes prejuízos econômicos. Enquanto a imunização contra algumas enfermidades, como a Febre Aftosa, é proibida para estas espécies no país, o foco sanitário recai sobre as clostridioses e a raiva, com esquemas que exigem rigor e acompanhamento veterinário.
As Vacinas Chave e o Calendário Ideal
O calendário vacinal para pequenos ruminantes deve ser elaborado com base na prevalência de doenças na região e na categoria animal (crias, fêmeas gestantes e adultos).
1. Clostridioses (Doença do Rim Polposo, Carbúnculo Sintomático, Enterotoxemia)
As clostridioses estão entre as doenças mais temidas, pois são causadas por bactérias cujos esporos estão presentes no ambiente e podem levar à morte súbita dos animais.
Categoria Animal | Idade/Período | Esquema de Vacinação |
Crias (filhos de mães vacinadas) | A partir de 60 dias (2 meses) | Primeira dose, com reforço após 30 dias. |
Crias (filhos de mães não vacinadas) | A partir de 15 a 30 dias | Primeira dose, com reforço após 30 dias. |
Adultos (Revacinação Anual) | Anual (12 meses) | Dose única de reforço. |
Fêmeas Gestantes | 4 a 6 semanas antes do parto | Revacinação anual para garantir a transferência de anticorpos via colostro (imunização passiva para as crias). |
Geralmente, utiliza-se uma vacina polivalente que protege contra várias espécies de Clostridium.
2. Raiva (Em Áreas de Risco)
A vacinação contra a Raiva é obrigatória apenas em regiões onde há comprovada circulação do vírus e presença de morcegos hematófagos (Desmodus rotundus).
Categoria Animal | Idade/Período | Esquema de Vacinação |
Animais Jovens e Adultos | A partir de 3 a 4 meses de idade | Primeira dose. |
Revacinação | Anual (12 meses) | Dose única de reforço. |
A atenção ao comportamento dos morcegos e a notificação de casos suspeitos são cruciais.
3. Linfadenite Caseosa (Mal do Caroço)
Embora a vacina não garanta proteção total, ela é recomendada para reduzir a incidência e a severidade dos abcessos, especialmente em rebanhos com alta ocorrência da doença.
- Esquema: A partir dos três meses, com reforço após 30 dias, e revacinação anual.
- Atenção: Não vacinar fêmeas gestantes contra a Linfadenite Caseosa.
4. Outras Doenças (Ectima Contagioso e Foot-Rot)
A vacinação contra Ectima Contagioso (Boca de Rato) é geralmente recomendada apenas em casos de surtos na propriedade, pois a vacina insere o vírus no ambiente. Para o Foot-Rot (Pododermatite Infecciosa), a vacinação é complementar a um manejo rigoroso, incluindo casqueamento e pedilúvios.
Ponto de Atenção: Febre Aftosa Proibida
Diferentemente do que ocorre com bovinos em parte do país, o uso da vacina contra a Febre Aftosa é proibido para ovinos e caprinos no Brasil. Estes pequenos ruminantes são utilizados pelas autoridades sanitárias para monitorar a circulação viral no ambiente por meio de testes sorológicos. Se um animal não vacinado testar positivo, isso confirma a presença do vírus, indicando uma falha na vigilância.
Boas Práticas na Aplicação
Para garantir a eficácia da vacinação, o produtor deve seguir orientações simples, mas rigorosas:
- Conservação: Manter as vacinas refrigeradas (entre $2^\circ\text{C}$ e $8^\circ\text{C}$) e protegidas da luz, inclusive durante o manejo no curral, utilizando caixas de isopor com gelo. Jamais congelar.
- Aplicação: Utilizar seringas e agulhas estéreis. A maioria das vacinas é aplicada por via subcutânea, na região da tábua do pescoço, levantando a pele para formar uma prega.
- Animais Saudáveis: Vacinar somente animais em bom estado de saúde e não estressados.
A consulta regular a um médico-veterinário é indispensável para adaptar o calendário vacinal às necessidades específicas de cada propriedade e garantir a biosseguridade do rebanho.
Publicar comentário