Demografia Médica 2025: Brasil Atinge Quase 654 Mil Médicos, Mas Luta Contra a Desigualdade
O Brasil vivencia um crescimento histórico no seu contingente de profissionais de saúde. De acordo com os dados mais recentes da Demografia Médica 2025, o país deve encerrar o ano com cerca de 635 a 654 mil médicos ativos. Esse número eleva a densidade médica nacional para aproximadamente 2,98 médicos para cada mil habitantes, a maior taxa já registrada no país.
No entanto, por trás desse volume impressionante, persiste uma profunda desigualdade na distribuição dos profissionais, o que continua a ser o maior desafio para a saúde pública brasileira.
📈 Crescimento Acelerado e Projeções Futuristas
O aumento do número de médicos é resultado da intensa expansão do ensino médico no país nas últimas décadas. A quantidade de faculdades de Medicina quase quintuplicou desde 1990, e a projeção indica que o Brasil pode ultrapassar a marca de 1 milhão de médicos até 2035, atingindo uma densidade que superará países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), como Estados Unidos e Japão.
| Dados Chave da Demografia Médica (Início de 2025) | |
| Total de Médicos Ativos | $\approx 635.000$ |
| Razão Médico/1.000 Habitantes | $2,98$ |
| Profissionais Especialistas | $59,1\%$ do total |
| Gênero | Mulheres são a maioria (50,9%) pela primeira vez. |
🗺️ O Mapa da Desigualdade: Onde os Médicos Estão?
O grande paradoxo do cenário brasileiro é que a suficiência de médicos em nível nacional esconde uma concentração extrema nas grandes capitais e no Sul-Sudeste, deixando o Norte e o Nordeste em situação crítica.
Desigualdade Regional e por Município
| Região | Médicos por 1.000 Habitantes | UF com Menor Índice |
| Sudeste | $3,77$ | |
| Sul | $3,31$ | |
| Centro-Oeste | $3,44$ | |
| Nordeste | $2,21$ | Maranhão ($1,27$) |
| Norte | $1,70$ | Pará ($1,70$ e Roraima) |
Enquanto o Distrito Federal possui a maior densidade ($6,28$ médicos/1.000 hab.), e capitais como Vitória (ES) registram taxas altíssimas ($18,52$ médicos/1.000 hab.), municípios do interior e estados do Norte/Nordeste sofrem com a carência de profissionais.
Concentração de Especialistas
A desigualdade se repete na especialização. A maioria dos médicos residentes (cerca de 60%) está concentrada na Região Sudeste. Apenas 7 áreas de atuação concentram metade dos especialistas: Clínica Médica, Pediatria, Cirurgia Geral, Ginecologia/Obstetrícia, Anestesiologia, Cardiologia e Ortopedia.
🎓 Qualidade da Formação e Mercado de Trabalho
O Conselho Federal de Medicina (CFM) expressa grande preocupação com a velocidade de abertura de novas escolas médicas, temendo que a expansão não seja acompanhada por padrões de qualidade adequados.
- Desafio da Residência: O número de vagas na Residência Médica não acompanha o ritmo de formação de novos graduados, resultando em um grande contingente de médicos generalistas no mercado.
- Fuga para o Privado: Apenas uma pequena parcela dos médicos ativos é servidor público estatutário do SUS, o que demonstra uma forte preferência por vínculos na rede privada, planos de saúde ou como pessoa jurídica (PJ), impactando diretamente a qualidade e a capilaridade da atenção pública.
Apesar do aumento no número de profissionais, o desafio para as próximas décadas é garantir a qualidade do ensino e criar políticas de fixação de médicos, sobretudo especialistas, nas regiões mais vulneráveis do país.



Publicar comentário