Pastagens no Brasil: O Desafio dos 160 Milhões de Hectares e a Luta Contra a Degradação

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As pastagens são o grande diferencial competitivo da pecuária brasileira e a base alimentar de mais de $90\%$ do rebanho bovino do país, que possui o maior rebanho comercial do mundo. Com uma área de cerca de 160 milhões de hectares dedicados à pastagem cultivada, o Brasil tem um potencial produtivo imenso.

No entanto, o setor enfrenta um problema estrutural alarmante: mais da metade dessa área está degradada ou em algum estágio de degradação, o que compromete a produtividade, a rentabilidade do produtor e a sustentabilidade ambiental do agronegócio.


📉 O Círculo Vicioso da Degradação

A degradação de pastagens é um processo contínuo de perda de vigor e produtividade das forrageiras, causado majoritariamente por práticas de manejo inadequadas:

  • Excesso de Lotação (Superpastejo): O principal fator. Manter um número de animais por área acima da capacidade de suporte do pasto impede que as forrageiras tenham tempo suficiente para se recuperar (rebrota).
  • Falta de Nutrição: A ausência de adubação e correção de solo resulta na perda de fertilidade. O gado remove nutrientes ao se alimentar, e se estes não forem repostos, o capim perde qualidade e morre.
  • Manejo Incorreto: Uso de cultivares não adaptadas ao clima/solo, falhas na formação inicial da pastagem e invasão de plantas daninhas que competem com o capim.

A degradação tem um alto custo: reduz a capacidade de suporte da área em até $80\%$ e aumenta a pressão para o desmatamento de novas áreas, um passivo ambiental que o Brasil busca reverter.


💡 Soluções e Estratégias de Recuperação

A recuperação de pastagens degradadas é o caminho mais sustentável e economicamente viável para a pecuária, sendo o foco do Programa Nacional de Recuperação de Pastagens (que visa recuperar $40 \text{ milhões}$ de hectares em 10 anos).

1. Manejo Integrado (MIPasto)

  • Ajuste da Lotação: Adotar o pastejo rotacionado, dividindo a área em piquetes e dando tempo de descanso (veda) ao capim. Isso permite a rebrota vigorosa e aumenta a capacidade de suporte da área.
  • Correção do Solo: Realizar análises de solo para corrigir a acidez (calagem) e aplicar a adubação necessária (NPK e micronutrientes), revitalizando a fertilidade.

2. Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)

  • Conceito: O sistema de consorciação é a principal tecnologia de intensificação sustentável. Ele permite o plantio de grãos (lavoura), seguido de pastagem para o gado, e muitas vezes, árvores (floresta).
  • Benefícios: A ILPF promove a ciclagem de nutrientes, reduz pragas, e oferece renda diversificada ao produtor, acelerando a recuperação do solo degradado pela deposição de palhada.

3. Escolha da Forrageira

  • Pesquisa: Utilizar cultivares desenvolvidas pela pesquisa (Embrapa) e adaptadas ao clima e solo local (ex: Brachiaria / Urochloa) que sejam mais nutritivas e resistentes a estresses hídricos e pragas.

➡️ Pastagem: A Agricultura da Pecuária

O sucesso da pecuária a pasto depende da mentalidade do pecuarista: o capim deve ser tratado como a principal lavoura da fazenda. Um pasto bem manejado é sinônimo de boi gordo, maior ganho de peso por hectare e rastreabilidade, garantindo a competitividade do produto brasileiro no exigente mercado internacional.

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