Raiva Canina: Uma Ameaça Evitável – O Retorno do Alerta e a Urgência da Vacinação
A Raiva Canina é uma das zoonoses (doenças transmitidas de animais para humanos) mais antigas e letais conhecidas. Causada por um vírus neurotrópico do gênero Lyssavirus, a raiva ataca o sistema nervoso central de mamíferos, incluindo cães, gatos, morcegos e humanos, e é praticamente 100% fatal após o desenvolvimento dos sintomas clínicos.
Embora o Brasil mantenha um controle rigoroso sobre a doença em áreas urbanas, o reaparecimento de casos em algumas regiões e a baixa cobertura vacinal em certos municípios têm acendido um alerta sanitário, reforçando a necessidade da vacinação anual de cães e gatos.
🧠 Transmissão e Mecanismo da Doença
A principal via de transmissão da raiva é através da mordida (ou arranhadura profunda) de um animal infectado, que carrega o vírus ativo na saliva.
- Entrada no Organismo: Após a mordida, o vírus penetra pelos nervos periféricos e viaja lentamente em direção ao cérebro e à medula espinhal.
- Manifestação: Uma vez que o vírus atinge o sistema nervoso central (SNC), ele se multiplica rapidamente, causando inflamação (encefalite) e os sinais neurológicos da doença.
- Saída do Vírus: O vírus então se espalha para as glândulas salivares, tornando a saliva do animal infecciosa.
O período de incubação (do contato até o surgimento dos sintomas) é altamente variável, podendo levar de dias a meses.
📝 Sinais de Alerta no Cão
A raiva canina se manifesta em duas formas principais:
1. Raiva Furiosa (Mais Comum)
- Alterações Comportamentais: O cão se torna agressivo, irritadiço e extremamente excitado. Pode morder o ar ou objetos (sinais de alucinação).
- Hidrofobia: Embora a hidrofobia (aversão à água) seja mais conhecida em humanos, o cão tem dificuldade em engolir água ou saliva, o que gera o famoso “babar” ou “boca espumando”.
- Perambulação: O animal pode sair de casa sem rumo e atacar outros animais ou pessoas sem provocação.
2. Raiva Paralítica (Muda)
- Paralisia: O cão se torna apático, letárgico e evita o contato. A paralisia afeta o pescoço e a cabeça, impedindo o animal de latir ou engolir, resultando em dificuldade respiratória e paralisia dos membros.
IMPORTANTE: Ao notar qualquer alteração súbita de comportamento (agressividade ou paralisia) em um animal com histórico de contato com animais silvestres ou desconhecidos, o tutor deve imediatamente isolar o pet e acionar a Vigilância Sanitária ou um veterinário, evitando qualquer contato direto.
🛡️ A Única Defesa: Vacinação e Responsabilidade
A raiva é uma ameaça controlável através da vacinação massiva e anual.
- Vacinação Obrigatória: A vacina antirrábica é obrigatória para cães e gatos a partir dos três meses de idade e deve ser reforçada anualmente.
- Tratamento Pós-Exposição (Humano): Se uma pessoa for mordida por um animal com suspeita de raiva, o protocolo de saúde pública exige a lavagem imediata do ferimento e a busca por assistência médica para iniciar a profilaxia pós-exposição, que inclui a vacina antirrábica humana e, em casos graves, o soro.
Graças às campanhas de vacinação em massa do SUS, os casos de raiva transmitidos por cães urbanos tornaram-se raros, mas o risco persiste através da fauna silvestre (morcegos hematófagos, raposas e macacos), que podem transmitir o vírus a animais domésticos não vacinados.



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