Clima no Agro: O fim do La Niña e o que esperar para as lavouras em janeiro de 2026
O dia 26 de dezembro marca o início de uma janela crítica para a agricultura brasileira. Com a soja entrando em fase de enchimento de grãos e o milho primeira safra em polinização em diversas regiões, o comportamento do clima nas próximas semanas é o que separa uma colheita histórica de uma frustração de safra.
A grande notícia para este fechamento de ano é a transição oficial do fenômeno La Niña para a Neutralidade Climática.
1. O “Enfraquecimento” do La Niña
Após meses sob influência de um La Niña de baixa intensidade, os modelos meteorológicos confirmam que o fenômeno começa a perder força agora em janeiro.
- O que muda: A atmosfera começa a se comportar de forma mais regular, diminuindo (mas não eliminando) o risco de secas extremas no Sul e de chuvas excessivas no Norte.
- Neutralidade: A previsão é que as águas do Oceano Pacífico atinjam a neutralidade total até março de 2026, o que é um cenário “pé no chão” para o planejamento da safrinha (segunda safra).
2. Sul do Brasil: Alerta de Irregularidade
Embora o La Niña esteja enfraquecendo, seus efeitos residuais ainda preocupam o Rio Grande do Sul e o oeste de Santa Catarina neste início de 2026.
- Chuvas: Devem ocorrer de forma irregular, no estilo “pancadas de verão”. Áreas a poucos quilômetros de distância podem ter volumes de chuva completamente diferentes.
- Manejo: O produtor gaúcho deve manter o foco na conservação da umidade do solo e no ajuste de lotação das pastagens, já que as temperaturas tendem a ficar até 1°C acima da média histórica em janeiro.
3. Centro-Oeste e Sudeste: A força da ZCAS
Para o coração produtor do Brasil (MT, MS, GO e MG), a previsão para janeiro é otimista.
- ZCAS: A atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul deve garantir um canal de umidade constante, mantendo os níveis de armazenamento hídrico no solo acima de 80%.
- Luminosidade: O desafio será o excesso de nebulosidade. Dias muito nublados podem reduzir a fotossíntese da soja no momento em que ela mais precisa de energia.
4. Matopiba: Calor e Seca Localizada
A região que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia exige atenção redobrada.
- Déficit Hídrico: Ao contrário do Centro-Sul, parte do Matopiba pode registrar chuvas abaixo da média climatológica em janeiro, com déficits que podem chegar a 100 mm no trimestre. O calor intenso (acima de 35°C) pode acelerar o ciclo da planta, reduzindo o peso final dos grãos.
Tabela: Resumo do Clima para Janeiro/2026
| Região | Expectativa de Chuva | Temperatura | Impacto na Safra |
| Sul | Abaixo da média / Irregular | Acima da média | Atenção ao milho e pastagens |
| Centro-Oeste | Acima da média | Normal | Excelente para enchimento de grãos |
| Sudeste | Dentro da média | Normal | Favorece café e grãos |
| Matopiba | Abaixo da média | Muito Alta | Risco de estresse hídrico |
Dica de Manejo:
Com a umidade alta no Centro-Oeste, a pressão de doenças fúngicas (como a ferrugem asiática) tende a aumentar. O monitoramento deve ser diário. No Sul, o uso de bioestimulantes para mitigar o estresse térmico pode ser a diferença entre manter ou perder o potencial produtivo.



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