Agronegócio Brasileiro Sob Ameaça: Tarifas de Trump Podem Gerar Perdas Bilionárias

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O agronegócio brasileiro, pilar fundamental da economia nacional, enfrenta um cenário de grande apreensão. Um estudo recente, elaborado por representantes do setor, aponta que a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelo Presidente Donald Trump, com previsão de início em 1º de agosto de 2025, pode gerar perdas de até US$ 5,8 bilhões (cerca de R$ 30 bilhões) nas exportações do setor para os Estados Unidos.

Essa estimativa, que representa quase metade do valor total das exportações agropecuárias brasileiras para o mercado americano em 2024 (que somaram US$ 12,1 bilhões), acende um alerta máximo para a cadeia produtiva.

Setores Mais Afetados: O “Tarifaço” em Detalhes

A análise da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e de outros órgãos do setor indica que alguns produtos seriam particularmente impactados, podendo ter suas exportações para os EUA completamente inviabilizadas:

  • Suco de Laranja: Considerado um dos “carros-chefes”, o suco de laranja não concentrado e outras obras em madeira enfrentariam uma tarifa de 100%, tornando a exportação proibitiva.
  • Carne Bovina: A carne bovina desossada e congelada, que já viu suas vendas despencarem em até 67% desde abril (quando tarifas menores foram impostas), seria taxada em 33%, elevando o custo final para o consumidor americano e dificultando a competitividade.
  • Café: O café não torrado e não descafeinado, apesar da menor elasticidade de preço, teria uma tarifa de 25%.
  • Outros Produtos: Sebo de bovinos, ovinos ou caprinos (50%), outros açúcares de cana (33%), álcool etílico (71%), e portas e caixilhos de madeira (93%) também sofreriam impactos severos.

Impacto Imediato e Reações

Mesmo antes da entrada em vigor da tarifa de 50%, o setor já sente os reflexos. As vendas de café, carne bovina e sucos de frutas para os EUA despencaram desde abril, quando Trump impôs tarifas de 10%. Produtores de carne já enfrentam a interrupção da produção voltada aos EUA, e exportadores de frutas e bebidas avaliam redirecionar cargas ou absorver prejuízos.

O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores e do MDIC, tem classificado a medida como “arbitrária” e “caótica”, buscando canais diplomáticos para negociar e reverter a decisão. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e associações do agronegócio têm feito apelos para que o governo federal articule um adiamento do prazo para as tarifas.

Consequências Amplas para a Economia Brasileira

A concretização do “tarifaço” de Trump teria consequências que extrapolam o agronegócio:

  • Balança Comercial: Impacto negativo no superávit comercial brasileiro, com redução da entrada de divisas.
  • Empregos: Projeções indicam perdas significativas de postos de trabalho em toda a cadeia produtiva.
  • Pressão Cambial: A redução das exportações pode pressionar o câmbio, desvalorizando o Real.
  • Tensão Diplomática: A medida cria um ambiente de tensão e incerteza nas relações bilaterais entre Brasil e EUA.

Diante de um cenário tão desafiador, o agronegócio brasileiro, um setor vital para a economia, busca estratégias de adaptação e diversificação de mercados, enquanto o governo intensifica os esforços diplomáticos para proteger os interesses do país.

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