Alívio Parcial: Quase Metade das Exportações Agrícolas Brasileiras Escapam do “Tarifaço” de Trump



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Em uma reviravolta que traz um alento para parte do agronegócio brasileiro, o governo do Presidente Donald Trump sinalizou que pode isentar da tarifa de 50% os produtos agrícolas do Brasil que não são produzidos em larga escala nos Estados Unidos. A medida, anunciada por Howard Lutnick, Secretário de Comércio norte-americano, representa uma nuance significativa na ameaça comercial que paira sobre as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto de 2025.

A notícia sugere que a estratégia americana busca evitar prejuízos diretos aos seus próprios consumidores e indústrias que dependem de importações não-competitivas.

O Que Fica de Fora do “Tarifaço”?

O “tarifaço” de 50% havia gerado grande apreensão em todo o agronegócio. Agora, a administração Trump indica que produtos como café, cacau, manga, abacaxi e algumas outras frutas tropicais poderiam ser poupados da taxação. A lógica é clara: como os Estados Unidos não têm produção interna suficiente desses itens, tarifá-los apenas encareceria o produto para o consumidor final americano ou prejudicaria indústrias que os utilizam como insumo.

Essa flexibilização, se confirmada oficialmente, traria um respiro importante para os produtores desses segmentos, que representam uma fatia considerável em volume e diversidade de nossa pauta exportadora agrícola para os EUA.

O Impacto Persistente para os Produtos Concorrentes

Apesar do alívio parcial, a ameaça de 50% de tarifa continua de pé para os produtos que competem diretamente com a produção agrícola americana. Entre os mais visados e que ainda enfrentam o risco de inviabilidade no mercado dos EUA, destacam-se:

  • Suco de Laranja: O Brasil é o maior exportador mundial, e a tarifa tornaria o produto proibitivo para o mercado americano, onde há produção local (ainda que em declínio).
  • Carne Bovina: As exportações de carne brasileira para os EUA, que já sentiram o impacto de tarifas menores impostas anteriormente, seriam severamente afetadas, impactando frigoríficos e pecuaristas.
  • Açúcar: Outro produto com forte concorrência interna nos EUA que seria duramente taxado.

O estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e outros órgãos setoriais estimava perdas de até US$ 5,8 bilhões para o agronegócio brasileiro com o “tarifaço” total. Embora a nova sinalização reduza o universo de produtos atingidos, o impacto financeiro e social nos setores que permanecem na lista ainda é colossal.

Estratégia Brasileira e Cenário de Incerta Esperança

O governo brasileiro, por meio do Ministério da Fazenda e do Itamaraty, continua a priorizar a negociação para evitar qualquer tipo de tarifa. O plano de contingência elaborado pelo Ministro Fernando Haddad e sua equipe visa mitigar os efeitos para os setores que forem atingidos.

A sinalização de Trump, portanto, não encerra a preocupação, mas a redireciona. O Brasil precisa intensificar os esforços diplomáticos e, ao mesmo tempo, buscar a diversificação de mercados para seus produtos, garantindo que a pujança do agronegócio não seja refém de decisões políticas externas e protecionistas. A “conta” do “tarifaço” pode ser menor, mas ainda é um fardo pesado para a economia do campo.

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