Charolês: O Gigante Branco do Cruzamento Industrial e da Carne de Qualidade

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Pecuária e Genética Bovina — A raça Charolês é um dos pilares da pecuária de corte europeia e conquistou um espaço estratégico no Brasil. Originário das antigas províncias de Charolles e Nievre, na França, este bovino é facilmente reconhecível por sua pelagem de cor branca ou creme claro e pela musculatura proeminente, características que o tornam uma verdadeira “máquina de produzir carne”.

📜 História e Chegada ao Brasil

A raça Charolês é secular, sendo utilizada na França desde o século XVIII não apenas para corte, mas inicialmente também como animal de tração devido à sua força e porte.

  • Porta de Entrada: No Brasil, a raça foi introduzida oficialmente em 1885 no Rio Grande do Sul, por meio de reprodutores importados pelo Governo Imperial, com o objetivo de aprimorar o gado local, especialmente na região das charqueadas.
  • Tradição no Sul: Hoje, os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina concentram grande parte do rebanho de Charolês Puro de Origem (PO) e por Cruzamento (PC).

🥩 Desempenho e Qualidade da Carcaça

O grande apelo do Charolês reside em suas características produtivas, essenciais para a indústria frigorífica:

  • Grande Porte e Peso: Touros adultos frequentemente pesam entre 1.000 kg e 1.200 kg, podendo alcançar mais de 1.500 kg em casos excepcionais. As vacas atingem entre 700 kg e 900 kg.
  • Musculosidade e Carcaça: O Charolês se destaca pelo alto rendimento de carcaça e pela pouca deposição de gordura na superfície, com excelente proporção de carne magra.
  • Precocidade: A raça tem boa conversão alimentar, apresentando Ganho Médio Diário (GMD) superior quando comparada a outras raças em confinamento.

🧬 Cruzamento Industrial com Zebuínos

A versatilidade do Charolês é melhor aproveitada no Brasil através do cruzamento industrial, principalmente com raças zebuínas, como o Nelore (Bos indicus).

O cruzamento resulta em um animal mestiço F1 que se beneficia do efeito de heterose (vigor híbrido), unindo:

  • A Força do Charolês: Maior ganho de peso, melhor rendimento de carcaça e excelente conformação muscular.
  • A Rusticidade do Nelore: Maior adaptabilidade às condições climáticas tropicais, resistência a parasitas e boa habilidade materna.

Essa combinação produz animais precoces que atingem o peso de abate mais rapidamente, atendendo à demanda do mercado por carne de alta qualidade, maciez e sabor.

🚜 Manejo e Desafios

Embora o Charolês seja adaptável a diversos tipos de forragem e maneio (a pasto ou em confinamento), a raça exige um manejo atencioso, pois alguns exemplares podem apresentar temperamento mais arisco. Além disso, devido à sua cor clara, em climas muito ensolarados, podem ser mais suscetíveis a problemas oculares e queimaduras solares, exigindo atenção sanitária constante.

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