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Coluna do Ricardo Viveiros

COLUNA DO RICARDO VIVEIROS

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Cultura do ódio

A pedagoga colombiana Yolanda Reyes, em coluna no El Tiempo, tratou com brilho, lucidez e preocupação de um tema que nos diz respeito.

Segundo ela, há países que necessitam de tratamento psicológico, têm saúde mental em estado de emergência, requerendo terapia intensiva.

De fato, não pode ser considerado “normal” o clima de irritabilidade, revolta e ódio explicitado em público no Brasil.

As pessoas, desde a campanha eleitoral de 2018, em segundos vão da ofensa pessoal à agressão, sem limite de bom senso.

Do nada, por nada, para nada.

Simples descontrole e violência.

O País, visto como pacífico, no qual buscam por felicidade imigrantes de diversas origens, tornou-se campo minado.

Lugar perigoso para quem ousa exercer o direito à liberdade de opinião.

Há feridos e mortos por pensar diferente, não concordar com radicalismos políticos.

E não fica só nisso, a barbárie já alcança diferenças religiosas, de gênero, de cor, e por aí vai a inconsciência quanto ao direito do próximo. 

Fomos divididos em dois grupos: contra e a favor.

E se perguntarmos de que ou quem, os militantes nem saberão dizer.

A tecnologia, criada para aproximar pessoas pelos telefones celulares, é utilizada para acirrar ânimos, promover discórdia, gerar conflitos.

Jogar uns contra outros.

Todos os dias, recebemos vídeos de pessoas sendo ofendidas, agredidas, acuadas por suas posições ideológicas.

Que síndrome é essa que faz humanos perderem a calma, atacarem semelhantes?

São centenas de falsas notícias, imagens montadas, cenas antigas repaginadas, versões de fatos causando reações imprevisíveis.

Erros do passado lembrados no presente para destruir o futuro.

Violência gera violência que gera violência… E não acaba mais.

Acaba sim, em tragédia como registra a história. 

Estamos nos tornando incapazes de sentir esperança, acreditar em transformações positivas.

O que poderia motivar avanços tem gerado insegurança e sombras.

A filósofa norte-americana Martha Nussbaum, em A monarquia do medo, ensaio sobre política nos Estados Unidos, mostra que raiva traz impotência e medo, é veneno rápido que mata a democracia.

Porque ações irracionais tiram o foco dos verdadeiros problemas, que assim não têm solução. Entusiasmam o surgimento de “salvadores da Pátria”, permitindo golpes políticos. 

Quando parlamentares de uma cidade com graves problemas de segurança, saúde, educação, emprego, moradia e mobilidade se ocupam em censurar e apreender livros ignorando leis, duvidando da educação dada pelas famílias e impedindo o livre debate de ideias, acende a luz de alerta.

Da discussão civilizada e da divergência de pensamento surgem as saídas, porque essas práticas permitem a chance de pensar e exercer a responsabilidade cidadã.

É hora de unir, não dividir.

Acabar com essa insana delinquência emocional e física.

Precisamos acreditar em nós mesmos, manter vigilância e cobrar resultados dos três poderes.

O momento exige coragem não para agredir, e sim para permitir a certeza de que nem tudo está perdido.

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