Brasil
COLUNA DO RICARDO VIVEIROS
“CONVERSA COMIGO”, NÃO FIQUE SÓ!
Fui desde pequeno um leitor voraz, daqueles que mal termina um livro e já está buscando outro.
Não faço distinção quanto aos gêneros literários, gosto de qualquer um desde que o conteúdo seja inteligente, provocador e me faça refletir.
O tempo passa e traz novos hábitos, um deles foi preferir crônicas, poesias e contos.
Reli os clássicos, e no caso de crônicas, os nossos melhores: Machado de Assis, Antonio Maria, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Rubem Braga, Carlinhos Oliveira, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Clarice Lispector, Nelson Rodrigues, Eneida, Caio Fernando de Abreu, Marisa Raja Gabaglia, João do Rio, Lourenço Diaféria, Mário Prata.
Muitas vezes, me pergunto sobre novos cronistas.
E encontro poucos, e continuo relendo os mesmos.
Para alegria não apenas minha, mais de todos os que apreciam o gênero, eis que surge um novo e bom cronista: Ricardo Ramos Filho.
Um escritor que traz no DNA a marca da qualidade, pois é neto de Graciliano e filho de Ricardo – uma estirpe que engrandece a literatura brasileira.
Ricardo Ramos Filho, depois de navegar com sucesso os mares desafiadores dos textos para crianças e jovens, estreia com muita força com um livro encantador para adultos: “Conversa Comigo” (Editora Penalux).
São 44 crônicas no melhor estilo desse gênero, trazendo a poética marcada pela sinceridade e ternura da literatura infantojuvenil, que agora permitem a magia do sonho sem perder o contato com a dura realidade, gerando reflexões.
O respeito às unidades aristotélicas, princípio, meio e fim, a medida certa no tamanho de cada crônica, e o puro prazer de revelar o que está por atrás do que muitas vezes olhamos, mas não percebemos em sua essência.
Os textos desse convite para conversar com Ricardo Ramos Filho, são encontros com cada um de nós, nas reminiscências, nos temores, nas certezas, nas lágrimas e sorrisos.
Acima de tudo, nas descobertas que trazem razão sem prejuízo da emoção.
Provocar e, assim, propor transformações – sem perder contato com o lado terno da vida.
Nesse livro prazeroso de ler, estão o mendigo elegante e sábio em “Recordações de um outro tempo”, ensinando que a felicidade é simples, mas pode ser trágica como a morte; a importância da Educação, eterno desafio de todos nós, retratada sem preconceitos em “Coração de frango”; ou, ainda, nossos sonhos e a capacidade de realização de cada um deles, tema tão instigante de “Eu queria”.
Que venham outros novos cronistas como Ricardo Ramos Filho, que diz “Presente!” na atualidade desse gênero com o indispensável “Conversa Comigo”.