Crise Humanitária no Mar: Navio com Quase 3 Mil Vacas Fica à Deriva Após Veto Turco

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Um incidente alarmante no comércio internacional de animais vivos trouxe à tona sérias preocupações sobre bem-estar animal e segurança sanitária. Quase 3 mil cabeças de gado, majoritariamente vacas prenhas, procedentes do Uruguai, estão presas no navio cargueiro Spiridon II há mais de 50 dias, em condições que organizações de proteção animal descrevem como degradantes.

O navio, que saiu de Montevidéu, Uruguai, em setembro, teve o desembarque negado no porto de Bandirma, na Turquia, desencadeando uma crise humanitária e sanitária no mar.

🛑 O Veto e o Impasse Burocrático

O cargueiro Spiridon II chegou à costa turca em 22 de outubro, mas as autoridades do Ministério da Agricultura e Florestas negaram a permissão para o desembarque.

  • Motivo Oficial: O veto turco foi baseado em inconsistências documentais e irregularidades na identificação dos animais. Foi relatado que cerca de 500 brincos de identificação não correspondiam aos documentos apresentados, além de ausência de certificados sanitários válidos para parte do lote.
  • Consequência: Diante da recusa, o navio foi obrigado a se afastar da costa, permanecendo em alto-mar, enquanto o impasse comercial e sanitário se arrasta.

🤢 Deterioração das Condições no Navio

Os relatos e imagens de testemunhas e ONGs de bem-estar animal pintam um quadro de sofrimento extremo a bordo:

  • Odor e Insetos: Moradores da região portuária relataram um forte odor e a presença de enxames de moscas em torno da embarcação, o que levou as autoridades a ordenarem o afastamento do navio.
  • Mortalidade: A Fundação do Bem-Estar Animal (AWF), sediada na Alemanha, estima que pelo menos 58 vacas já morreram desde o início da viagem. O confinamento, estresse e a falta de higiene contribuem para a deterioração das condições sanitárias.
  • Nascimentos a Bordo: Cerca de 140 bezerros nasceram durante a travessia do Uruguai até a Turquia. As condições de superlotação e sujeira tornam a sobrevivência dos recém-nascidos muito difícil, sendo provável que muitos tenham morrido.
  • Carcaças no Convés: Testemunhas relataram ter visto sacos no convés contendo carcaças de animais, com vazamento de fluidos corporais e membros à mostra, evidenciando o colapso do manejo sanitário.
  • Condições do Navio: O Spiridon II é uma embarcação antiga (construída em 1973 e convertida para gado em 2011) e opera sob a bandeira de Togo, país que está na “lista negra” do Memorando de Paris sobre controle de navios, levantando questões sobre a fiscalização.

➡️ Próximos Passos

O caso se arrasta sem solução imediata. A alternativa mais provável, e mais temida pelas ONGs, é o retorno do navio ao Uruguai, uma viagem que pode durar mais 32 dias, empurrando o fim do sofrimento dos animais para meados de dezembro.

Organizações de defesa animal intensificaram a pressão sobre as autoridades turcas e uruguaias, pedindo uma solução imediata, como o desembarque em caráter de emergência para triagem e abate humanitário dos animais, a fim de evitar mais mortes e sofrimento. O episódio reforça o debate global sobre os padrões de bem-estar e a ética do transporte marítimo internacional de animais vivos.

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