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Episódio especial de Falas Femininas debate a exaustão da mulher na sociedade

Apresentado por Taís Araújo e Paolla Oliveira, programa vai ao ar na TV Globo nesta sexta-feira (8)

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Nesta sexta-feira (8), a TV Globo exibe o especial Falas Femininas com o episódio intitulado Louca , que vai tratar de uma temática extremamente contemporânea: a exaustão da mulher – e assuntos relacionados como assédio, gaslighting e abandono. A exibição acontece na data em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher , logo após a transmissão do Big Brother Brasil.

O formato escolhido é o experimento social, que consiste na captação da reação de brasileiros a simulações de situações comuns, e, não por isso, menos absurdas, vivenciadas no cotidiano de tantos de nós. Ao longo de 45 minutos, as apresentadoras conduzem o espectador numa ágil e provocativa jornada que desperta a reflexão da sociedade como um todo, apresentado por Paolla Oliveira e Taís Araújo.

“Durante o processo de criação do Falas Femininas, conversamos e ouvimos diversas mulheres, de pessoas ‘comuns’ a especialistas, e ficamos o tempo todo nos perguntando: ‘como abordar um assunto que seja transversal a todas?’. Sabendo, é claro, que os privilégios modulam e criam recortes diferentes para cada experiência. A resposta chegou em uma pesquisa estarrecedora, que revelou que a vasta maioria das brasileiras se sente sobrecarregada. E, se as mulheres estão exaustas, o que está acontecendo? A partir disso, começamos a desenvolver o tema, entendendo causas e efeitos colaterais dessa afirmação”, explica a diretora Antonia Prado.

Assim, a equipe teve o desafio de pensar em dinâmicas como ponto de partida para os assuntos que o especial se propôs a abordar ligados a essa temática central. “Foi um super desafio criar os experimentos sociais, que precisavam se encaixar em um programa que também fosse leve, tivesse humor. E tinha que ser algo rápido de gravar, sobre temas relevantes para todas as mulheres. Foi aí que a gente chegou na questão da sobrecarga – algo que atravessa todas, independente da classe social” , complementa a autora Isabela Aquino.

“Na TV Globo, estamos falando para todo o país. Estamos falando de mulheres, mas precisamos falar com todos. A ideia foi fazer algo lúdico e, ao mesmo tempo, informativo e provocativo. A ideia do experimento social tem a ver com isso: temos a oportunidade de investir numa transformação tanto para quem está assistindo quanto para quem participa do experimento” , acrescenta a autora Veronica Debom.

O resultado é visto como muito positivo na avaliação do grupo de criadoras. “Famoso no mundo todo, seja na publicidade ou como parte de programas de TV, o experimento social tem a capacidade de refletir dilemas e convicções da sociedade. O BBB, talvez o maior case de experimento social televisivo, por exemplo, todos os anos, aborda diversos assuntos relevantes, fazendo o público debater, refletir e, eventualmente, repensar comportamentos. E é essa a nossa expectativa com o Falas: criar um programa que seja gostoso de assistir, mas que, ao mesmo tempo, traga reflexões para temas muito presentes na vida das mulheres. O uso do xingamento ‘Louca’ como título é proposital, uma forma de causar estranheza e chamar atenção para o termo, comumente utilizado para a descredibilização da mulher em muitas esferas” , complementa a diretora.

Experimentos sociais

No programa, a discussão parte de dois experimentos sociais. No primeiro, a produção anuncia uma vaga de gerência em um hotel e chama interessados para uma entrevista de emprego. Mas o hotel não existe, nem a vaga, e a entrevistadora é uma atriz. Só quem não sabe de nada disso são os candidatos, todos homens. Durante a entrevista, a recrutadora pede que eles digam qual seria a remuneração justa para algumas funções como arrumadeira, passadeira, cozinheira e recreadora. Em seguida, explica que não tem verba para pagar todos esses salários e que as funções serão exercidas pela mesma pessoa, que precisa se dedicar 24h por dia ao serviço, dormir no trabalho, não tem férias e… nem pagamento. E, ainda, poderia conciliar tudo isso com outro trabalho. Ao final, uma surpresa revela que se trata de uma dinâmica, instigando todos a pensarem sobre como essa realidade afeta as mulheres de suas vidas.

O segundo experimento é feito em uma empresa de pesquisa fictícia. Lá, os participantes – neste caso, homens e mulheres – presenciam uma situação de assédio e, em seguida, são chamados a testemunhar sobre o que viram. As percepções são as mais variadas. Na sequência, as apresentadoras chamam atenção para essas diferenças e convidam uma especialista, a advogada Fayda Belo, a contribuir com explicações.

“A gente teve uma surpresa positiva ao notar que, em geral, as pessoas que participaram do experimento estavam bem atentas à questão do assédio. Elas perceberam as nuances, estavam ligadas no que estava acontecendo ali. Mesmo sem saber que estavam em um experimento. Mas também notamos que ainda existem muitas dúvidas sobre o que é assédio, qual é esse limite, quando você ultrapassa. E o objetivo era exatamente esse: tentar fazer um retrato da sociedade com as pessoas que estavam ali, homens e mulheres, de diferentes idades, com diferentes profissões, de diferentes regiões”, conta Antonia Prado.

Povo fala

A população também foi ouvida pelo programa como forma de evidenciar as diferentes percepções em torno dos temas abordados. Para isso, a criadora de conteúdo digital Anaterra Oliveira foi convidada a reproduzir no ‘Falas Femininas’ o modelo de trabalho que realiza nas redes sociais. “Eu entrevisto homens e mulheres sobre um mesmo assunto, para mostrar que existem diferenças na forma como os dois gêneros enxergam o mundo. Um dos questionamentos é ‘o que você faz quando chega do trabalho?’, que já fiz na internet e foi reproduzida no especial. Debater relacionamentos abusivos, abandono feminino, entre outros assuntos ligados à pauta feminina, já é comum em algumas ‘bolhas’ na internet. Mas, nas redes sociais, tem conteúdos que, por mais que viralizem, não saem de um mesmo grupo. Quando a gente trabalha esses temas na TV aberta, consegue acessar mais pessoas, tem a possibilidade de fazer com que mais gente refita sobre”, destaca Anaterra.

Entre outras perguntas, Anaterra questiona as pessoas sobre o significado do termo gaslighting, explicado no programa. “Gaslighting é uma forma de manipulação. É quando, por exemplo, alguém faz você acreditar que você é louca. Quando você viu alguma coisa acontecer, mas a pessoa insiste tanto, que você acaba duvidando da sua própria sanidade”, define a influenciadora.

Abandono

Depois de deixar claro que tarefas relacionadas ao cuidado são, de forma geral, atribuídas às mulheres, o programa mostra, através de depoimentos de anônimas e famosas e de dados estatísticos que, quando essas mulheres precisam de cuidados, muitas vezes, são abandonadas.

Um dos depoimentos é o da cantora Preta Gil . “Nós já estávamos casados há nove anos e, quando fiquei doente, estranhei muito algumas atitudes dele. Como nós, mulheres, temos esse coração acolhedor, compreensivo, de tentar sempre entender os homens, eu colocava num lugar de ‘ele não está sabendo lidar com a minha doença, está muito difícil pra ele também’. (…) A gente idealiza muito esse amor romântico, deposita muita expectativa no outro, vai construindo essa relação de codependência, que é algo estrutural e algo que nos foi ensinado. E isso é muito cruel porque a gente ainda acaba sendo taxada de louca. A gente é chamada de carente, e só quer o mínimo, que é respeito” , defende Preta. Outras histórias de mulheres se entrelaçam à da cantora, em um trecho cheio de emoção que mostra essa triste realidade.

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