Gêmeos Siameses: Riscos e a Complexidade da União Fetal na Gestação
Medicina e Maternidade — A gestação de gêmeos siameses é uma ocorrência rara, estimada em cerca de 1 a cada 50 mil a 200 mil nascimentos no mundo. A condição ocorre quando um único óvulo fertilizado se divide parcialmente, resultando em dois bebês idênticos que se desenvolvem unidos por alguma parte do corpo. O principal perigo dessa gestação reside na complexidade da união e na possibilidade de compartilhamento de órgãos vitais.
🚨 Riscos Aumentados Durante a Gestação
Desde a descoberta no pré-natal, a gravidez de siameses é classificada como de altíssimo risco e exige monitoramento constante:
- Viabilidade Fetal: A taxa de mortalidade fetal é muito alta. A maioria dos fetos unidos é natimorta ou morre logo após o nascimento. Apenas uma pequena porcentagem consegue sobreviver e ser candidata à separação cirúrgica.
- Complicações Maternas: A mãe enfrenta um risco elevado de desenvolver complicações comuns a gestações múltiplas, como hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia, além da necessidade quase certa de parto por cesariana.
- Malformações: Os fetos estão mais propensos a desenvolver malformações, especialmente anomalias cardíacas.
- Risco Monocoriônico: Gêmeos siameses sempre compartilham a mesma placenta (monocoriônica), aumentando o risco de complicações como a Síndrome da Transfusão Feto-Fetal (STFF), onde o sangue e os nutrientes são distribuídos de forma desigual, colocando a vida de ambos em perigo.
🔬 Tipos de União e Desafios Cirúrgicos
Os gêmeos são classificados pelo local onde estão unidos. A viabilidade da separação depende fundamentalmente dos órgãos que são compartilhados.
| Tipo de União | Local da Ligação | Complexidade |
|---|---|---|
| Toracópagos | Peito (Tórax) | Compartilhamento do coração ou saco pericárdico. Risco de separação extremamente alto se o coração for único. |
| Onfalópagos | Abdômen (Umbigo) | Frequentemente compartilham o fígado ou o trato gastrointestinal. Cirurgia mais viável, dependendo da separação dos órgãos. |
| Isquiópagos | Pelve e parte inferior da coluna | Compartilhamento da pelve, grandes vasos sanguíneos e, por vezes, parte do intestino e órgãos genitais. |
| Craniópagos | Cabeça | Raro e complexo, envolvendo compartilhamento de vasos sanguíneos e tecido cerebral (meninges ou parte do cérebro). |
🏥 Cirurgia de Separação: Planejamento e Esperança
Quando os siameses sobrevivem e são considerados viáveis para a separação (geralmente se possuem corações e cérebros separados), o procedimento cirúrgico é longo, delicado e realizado por equipes multidisciplinares com alta tecnologia.
A separação é frequentemente dividida em várias etapas cirúrgicas, podendo levar meses ou anos, dependendo da necessidade de expandir a pele e reconstruir os órgãos. Mesmo em casos de sucesso, a cirurgia tem uma taxa de risco de até 50% em casos complexos e pode deixar sequelas neurológicas ou físicas em um ou ambos os bebês.
A jornada de uma gestação de siameses é marcada pela incerteza médica e por uma intensa carga emocional para a família, exigindo um suporte contínuo dos serviços de saúde.



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