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Minas Gerais

Hospital Júlia Kubitschek amplia atendimento à dengue

Um gesto simples e fundamental tem ajudado de forma significativa as pessoas que buscam a unidade de reposição volêmica (URV) do Hospital Júlia

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Um gesto simples e fundamental tem ajudado de forma significativa as pessoas que buscam a unidade de reposição volêmica (URV) do Hospital Júlia Kubitschek (HJK). Um técnico de enfermagem percorre a unidade munido de uma jarra contendo água e sais para reidratação oral e oferece o líquido a todos que aguardam por consulta médica. Isso tem contribuído para que o paciente chegue ao consultório melhor hidratado. A ação é repetida diversas vezes ao longo da permanência dos pacientes e se soma aos bebedouros instalados no local.

Alexandra Marques

A URV do HJK iniciou suas atividades há menos de três semanas – foi inaugurada no dia 2/9, e já ampliou sua estrutura – que é flexível, e seu horário de funcionamento para atender à demanda crescente: uma média de 100 pacientes por dia. No dia 7/2, foi aberto mais um consultório, num total de três. Desde o dia 16/2, com a contratação de novos servidores por meio do chamamento emergencial, o serviço funciona 24 horas por dia (antes eram 12 horas), todos os dias da semana, além de contar com mais uma enfermaria de internação, com 15 leitos.

Em apenas 18 dias, quase duas mil pessoas (1.813 até o dia 20/2) procuraram a unidade com sintomas de dengue. Dessas, aproximadamente 10% ficaram internadas por dois ou três dias no hospital. No total, foram 530 internações no período. Essa alta demanda motivou a conversão de 10 poltronas, das 51 disponíveis, em leitos de internação, ampliando a oferta para 25 leitos. A triagem também foi ampliada passando de uma para duas salas.

Referência

A unidade tem papel fundamental como suporte na assistência aos pacientes com sintomas de arboviroses, principalmente dengue, e atua como referência para os casos mais graves (que demandam hidratação venosa) da região do Barreiro, em um contexto de epidemia e na regional que ocupa o primeiro lugar no número de casos suspeitos e confirmados na capital do estado.

“Estamos trabalhando, todos os dias, para que os pacientes permaneçam o menor tempo possível na URV do HJK. Buscamos aprimorar os processos como a coleta de exames e a dispensação de medicamentos, por exemplo. A liberação dos resultados dos exames primários (que confirmam a doença) é feita em 30 minutos após a coleta”, sublinha a diretora geral do Complexo de Hospitalar de Especialidades (CHE) da Fhemig , ao qual pertence o Hospital Júlia Kubitschek, Cláudia Fernanda de Andrade.

Ainda segundo a diretora, a maioria dos casos atendidos na URV são de pessoas com sintomas leves – classificação A (sem sinais de alarme). Existem casos com classificação B (também sem sinais de alarme) e C (com algum sinal de alarme), mas são a minoria. Até o momento, houve dois casos de internação por dengue no CTI do HJK.

Rápido e ótimo

A faxineira Maria do Carmo de Souza, 58 anos, é solteira e tem dois filhos. Ela mora no bairro Bonsucesso e nessa quarta-feira (21/2) estava em uma das 21 poltronas de reidratação venosa da URV do HJK. “Vim para cá porque é o lugar mais perto para pedir ajuda. Estou com muita dor no corpo – até as solas dos pés doem, um pouco de febre e calafrios. Essa é a segunda vez que tenho dengue. Não é nada agradável”, afirma.

Maria do Carmo conta que, em sua casa, toma todo o cuidado para prevenir a formação de criadouros do mosquito transmissor da doença. “Meu quintal é todo cimentado, a caixa d’água é bem fechada e minhas orquídeas não têm pratinhos nos vasos”. Apesar do cuidado, a faxineira apresentava claros sintomas da dengue. “Achei o atendimento muito bom e rápido. O médico e os enfermeiros que me atenderam foram ótimos”, garante.

Referência para gestantes com sintomas

Também é a segunda vez que a corretora de imóveis Rafaela Loraine Meireles, 21 anos, moradora do bairro Cardoso e grávida de 15 semanas enfrenta a doença. Rafaela se queixa de dor atrás dos olhos e no corpo, febre e enjoo. Ela vive próxima a uma área em que há um matagal e várias bananeiras, além de uma casa com calhas que acumulam água. Ela e a mãe, que a acompanhava durante o atendimento na URV, acreditam que esses locais sejam os focos da dengue em sua rua. Em casa, as duas tomam todos os cuidados. “O atendimento foi muito rápido. Trazer água (com os sais reidratação) na jarra facilita bastante. Se depender de mim, não tomo água suficiente”, conta.

Para a copeira Jussara Ferreira da Silva, 32 anos, divorciada, três filhos e grávida de 28 semanas, essa é a primeira vez que apresenta sintomas da dengue. Ela mora no bairro Santa Cecília e, em sua casa, as plantas não têm pratinhos, mas a laje da sua residência costuma acumular água da chuva, apesar de ser feita a retirada sempre que ela percebe o acúmulo. “Parece que os meus ossos estão sendo ‘esmagados’ e os olhos ardem muito. Passei a noite acordada de tanta dor. O atendimento foi rápido e fui super bem atendida”, relata a copeira.

Mais experientes também aprovam

A aposentada Maria Antônia Miranda, 66 anos, solteira e sem filhos, mora sozinha na Vila Santa Rita. Essa é a segunda vez que ela apresenta a doença. “Dessa vez estou pior”, lamenta.

Maria Antônia acredita que haja focos do mosquito em sua vizinhança. “Muito bom o atendimento. A água que me serviram, desde que cheguei, tem me ajudado a melhorar”, relata. Sua irmã, Lourdes de Pompéia, 65 anos, aposentada, viúva e mãe de dois filhos, que a acompanhava na URV, também elogiou o atendimento.

O aposentado Geraldo Helvécio da Silva, 70 anos, casado e pai de dois filhos, mora no bairro Miramar. Ele ouviu em uma rádio que o atendimento no HJK é 24 horas e mais rápido. Ao constatar os sintomas compatíveis com a dengue, Geraldo buscou a URV do HJK. “É a primeira vez que tenho os sintomas. Muita dor atrás dos olhos e na cabeça, além de febre. Em casa, não tenho plantas e não deixo acumular água. Eu costumo inspecionar a pracinha em frente à minha residência para eliminar possíveis focos. O atendimento é muito bom e rápido mesmo”, assegura.

Perfil

Na URV do HJK, embora a maioria dos pacientes tenham entre 35 e 40 anos, é observado um percentual relevante de indivíduos acima dos 60 anos, além de uma pequena prevalência de pessoas do gênero feminino, salienta a enfermeira e gerente de Enfermagem do HJK, Letycia Braga de Andrade Rios.

Em geral, os pacientes permanecem na reidratação venosa por um período de 20 a 90 minutos. Já na reidratação oral, eles costumam ficar por cerca de 60 minutos.

O médico generalista Arthur Handerson atua na URV desde sua inauguração, em 2/2. Segundo ele, 95% dos pacientes atendidos se mostram tranquilos enquanto aguardam o atendimento. As principais queixas são dor no corpo e atrás dos olhos, assim como febre.

Estratégia

A abertura da unidade de reidratação volêmica (URV) do HJK integra o Plano de Contingência da Fhemig para doenças causadas pelo Aedes aegypti, que prevê a ativação progressiva dos serviços, conforme a demanda do município de Belo Horizonte – gestor pleno da saúde no enfrentamento da situação epidemiológica.

A dengue costuma ser confundida com a gripe e com a covid-19, além de outras viroses. Por isso, é fundamental que o diagnóstico seja feito de forma precoce por profissionais qualificados. Entre os principais sintomas estão febre alta, 39º C ou mais, dores no corpo, dor de cabeça e atrás dos olhos.

As estatísticas mais recentes (20/2) mostram que Belo Horizonte registrou 4.786 casos positivos de dengue e 311 de chikungunya até agora. Este é o terceiro ano em que o Hospital Júlia Kubitschek abre uma unidade de reposição volêmica para atender à demanda do município de Belo Horizonte.

A URV (conhecida popularmente como unidade de hidratação) foi estabelecida, em tempo recorde, em razão do edital de chamamento emergencial e da decretação da situação de epidemia de dengue pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) . “É uma estrutura 100% Fhemig criada para atender à demanda da região do Barreiro. A unidade ocupa uma área administrativa que foi totalmente adaptada para receber o serviço”, finaliza a diretora do CHE.

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