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BH e Região Metropolitana

Jardim Botânico faz 33 anos e apresenta a revitalização das coleções preservadas

Nesta quarta-feira (12), o Jardim Botânico da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica celebra 33 anos de existência (completados no Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho) com uma atividade especial, que integra a programação da Semana do Conhecimento 2024 Trata-se da reabertura de duas das coleções preservadas, durante uma visita guiada organizada pela equipe de Educação Ambiental da Fundação, das 9 às 11h

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Nesta quarta-feira (12), o Jardim Botânico da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica celebra 33 anos de existência (completados no Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho) com uma atividade especial, que integra a programação da Semana do Conhecimento 2024. Trata-se da reabertura de duas das coleções preservadas, durante uma visita guiada organizada pela equipe de Educação Ambiental da Fundação, das 9 às 11h.

Na ocasião os participantes terão a oportunidade de conhecer a coleção Etnobotânica (formada por objetos, artefatos e medicamentos feitos de partes das plantas) e a Carpoteca (que reúne frutos e sementes). O objetivo é apresentar as características e riqueza desse acervo, as quais a partir de agora deverão chegar ao conhecimento do maior número possível de pessoas.

Considerando que os três pilares dos jardins botânicos da atualidade são a pesquisa, a educação e a conservação, o projeto intitulado “Revitalização e Ampliação do Acesso às Coleções Botânicas do Jardim Botânico de Belo Horizonte” aprovado em 2022 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) permitiu a destinação de recursos para reestruturar o citado patrimônio.

O projeto visou requalificar as coleções etnobotânica e de frutos e sementes (carpoteca) para permitir um acesso mais amplo tanto por parte do público em geral, quanto por parte de pesquisadores e estudantes. Isso aconteceu por meio da compra de mobiliário adequado para a organização do acervo e da aquisição de vidros para o acondicionamento e a conservação dos frutos e sementes. Houve também a compra de diversos itens para ampliação do acervo da coleção Etnobotânica e a produção de kits educativos com amostras, a serem utilizados em atividades realizadas fora do Jardim Botânico e em exposições itinerantes.

“A execução deste projeto, possibilitou a melhoria das condições vigentes das coleções de referência do JB/FPMZB, Herbário, Carpológica e Etnobotânica, ampliando o acesso ao público, e com isso contribuindo para a conservação de nossa biodiversidade biológica e cultural, afirma a bióloga e coordenadora do projeto Juliana Ordones.

Além disso, o projeto incluiu a contratação de uma museóloga para cuidar de toda a organização e catalogação das peças, além de dois bolsistas para a digitalização do acervo do Herbário. Com a aquisição de uma estação fotográfica, foi possível ainda a digitalização das exsicatas (ou plantas secas) do Herbário BHZB, que atualmente conta com mais de 15 mil itens. Ao todo foram investidos 180 mil reais na requalificação das coleções.

“Antes, a coleção de Etnobotânica não estava bem acondicionada. Tínhamos um material muito bonito, mas em um local bastante restrito à visitação pública, pouco acessível até mesmo com visitas guiadas, porque não havia um lugar adequado. Com os recursos do CNPq, conseguimos dar uma reformulada no espaço disponível, adquirimos armários específicos, assim como providenciamos a contratação de uma museóloga que organizou e catalogou toda a coleção, especialmente a de Etnobotânica, além da de frutas e sementes”, esclarece a bióloga do Jardim Botânico Maria Guadalupe Carvalho.

Segundo ela, uma das maiores conquistas foi a completa disponibilização dos itens do Herbário em rede virtual. “Tal acesso pode ser feito tanto presencialmente (por meio de visitas orientadas), quanto virtualmente (por meio de imagens digitalizadas). Vale lembrar que, antes, as informações sobre o Herbário já eram disponibilizadas em uma plataforma pública digital, porém sem as imagens. Agora, além de ter sido feito um registro fotográfico, os dados dele se encontram vinculados, o que facilita muito para o pesquisador, que poderá conhecer uma determinada planta não só por meio das informações dela, mas pela visualização de uma imagem dela em boa qualidade, que permite observar detalhes para a identificação e o estudo”, esclarece.

Atualmente, o Herbário consta na plataforma Specieslink e recentemente passou a fazer parte da plataforma JABOT Arboreto, que é gerenciada pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Esse é um sistema direcionado à curadoria de coleções vivas de instituições nacionais reconhecidas e cadastradas pelo Sistema Nacional de Registro de Jardins Botânicos.

As informações contidas nesses tipos de coleção são de fundamental relevância, pois permitem documentar a flora de uma região, fornecendo subsídios para, por exemplo, a restauração de uma determinada área que tenha sofrido perdas ambientais. As coleções depositadas em herbários permitem ainda a realização de pesquisas sobre fenologia, distribuição geográfica e conservação de espécies, bem como resgatar informações sobre a situação de ambientes que já não existem mais.

Outra importante função do Herbário é a preservação de espécimes-testemunhos, como tipos nomenclaturais (os mais importantes) e testemunhos de estudos genéticos, ecológicos e fitogeográficos. Sem falar que um herbário é considerado o mais importante instrumento de trabalho a serviço da taxonomia vegetal, da qual depende o desenvolvimento de trabalhos de investigação em inúmeras áreas da ciência.

Ao herbário do Jardim Botânico de Belo Horizonte cabe catalogar as espécies existentes nas suas coleções vivas ou nas reservas da Fundação, além daquelas obtidas por coletas feitas em Minas Gerais. Segundo a bióloga e curadora das Coleções de Referência do Jardim Botânico, Inês Ribeiro, suas coleções de mais destaque são as da Serra da Moeda, Serra do Caraça, Reserva da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, Flora do Norte e Nordeste de MG, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) no município de Santana do Riacho, RPPN do Caraça e outras pertinentes coletas aleatórias na capital.

A importância do ponto de vista da educação ambiental

De acordo com a bióloga e educadora ambiental Gislaine Xavier, ampliar o acesso às coleções botânicas de maneira geral é mais uma oportunidade de conectar as pessoas aos jardins botânicos, pois evidencia a importância e o papel dessas instituições no processo de conservação da biodiversidade. Conhecer as coleções de frutos e sementes, o ervanário e a etnobotânica constitui também um momento de ampliação cultural, pois o visitante tem a chance de conhecer o resultado do trabalho de pesquisadores que, durante anos, se dedicaram a levantar e documentar informações sobre as plantas e o uso que delas é feito.

O público poderá ter acesso às coleções citadas, por meio de visitas guiadas cujo início será no segundo semestre, ou mediante marcação prévia via Portal de Agendamento da PBH. Para visitar as coleções no Jardim Botânico da FPMZB, é necessário fazer parte de uma instituição escolar ou de um grupo organizado com, no mínimo, 10 pessoas.

Além dessas visitas guiadas, a equipe de educação ambiental oferecerá aos professores uma capacitação prévia para trabalhar, em sala de aula, os conteúdos específicos de cada coleção, além do empréstimo de kits pedagógicos aos educadores, incluindo um deles em braille (o qual ainda está em desenvolvimento). Há também a possibilidade de que ocorram exposições itinerantes em eventos afins a essa temática, de acordo com a disponibilidade da equipe educativa.

Como foi a organização das coleções

A museóloga e mestranda em educação em museus pela UFMG, Erika Santos de Souza, assumiu a responsabilidade de organizar todo o acervo das coleções. Ela iniciou os trabalhos em maio de 2023, num processo que consistiu em conservação das peças, limpeza e documentação.

“Comecei a pensar em soluções para conservar melhor as peças. O acervo, principalmente o da Etnobotânica, estava muito tumultuado dentro de armários. Era difícil saber, por exemplo, o que tinha, quais eram os materiais, as espécies de plantas que estavam presentes nas coleções. Inicialmente fui separando esses objetos e fiz todo um processo de limpeza e conservação deles ao longo de três ou quatro meses”. Essa foi uma das etapas mais delicadas: “Como o acervo estava guardado há muito tempo em armários de madeira, uma parte dele estava com cupins”, lembra.

A etapa seguinte foi elaborar uma ficha catalográfica para o registro de cada peça. “Nessa ficha foram colocadas todas as informações dos itens, as medidas, as características, a descrição de cada um deles. Como é um acervo botânico, foi preciso adaptar a produção de cada ficha: “Eu coloquei em cada uma delas as informações botânicas. Toda peça é etiquetada e possui uma numeração fixa, específica. Foi feito este caminho: conservação das peças, limpeza e documentação. Elas foram fotografadas e guardadas novamente após esse processo, e daí iniciamos as conversas para definir a exposição delas, para enfim realizar o armazenamento correto.

Conhecendo um pouco das coleções de referência do Jardim Botânico da Fundação

Ervanário

É uma coleção de fragmentos desidratados de plantas medicinais armazenadas em frascos de vidro. A coleção foi doada pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, em 2003, e exemplifica partes das plantas usadas na farmacopeia brasileira. Contribuiu para divulgar a importância terapêutica e cultural das plantas medicinais.

Acervo: 277 amostras.

Carpoteca

A coleção de frutos e sementes (Carpoteca ou coleção carpológica) é uma das coleções de referência, que consiste na preservação de frutos secos, carnosos e sementes. Foi iniciada em 1992.

Acervo: 1.718 registros ou tombos.

Total do acervo: 15.615.

Total digitalizado: 2.805 .

Imagens disponíveis no banco de dados JABOT /JBRJ.

Coleção Etnobotânica

É constituída de produtos e artefatos originários de plantas (inteiras ou só partes delas), incluindo artesanato. Abrange ferramentas, utensílios, fibras, drogas medicinais, tecidos e outros objetos feitos de matéria-prima totalmente vegetal. Ela busca: resgatar e identificar as plantas úteis, baseando-se na associação com a história humana; subsidiar a interpretação do mundo da botânica para o público em geral; e apoiar a pesquisa, o ensino em biologia vegetal e a conservação dos recursos naturais. Apresenta valor tanto antropológico quanto documental e contém elementos de referência dos valores e aplicações das plantas estudadas e descritas pelos etnobotânicos. É amplamente utilizada por jardins botânicos, com propósitos educacionais.

Acervo: 405 artefatos de diferentes categorias (Artesanato, Alimentício, Medicinal, Ornamental). Entre as curiosidades, estão colares confeccionados e utilizados pelos indígenas e saia típica, também indígena.

“Trata-se do acervo mais antigo do país, estabelecido em 2003, e impulsionado por um projeto de implantação da estufa de espécies da Caatinga no Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Minas Gerais (JBFZB-BH) e pelo Projeto Plantas do Futuro. Na ocasião, foram adquiridos artefatos do Norte e do Nordeste de Minas Gerais, regiões onde predomina este bioma no estado. A participação da equipe do Jardim Botânico no programa “Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial de Uso Local e Regional – Plantas para o Futuro”, capitaneado pelo Ministério do Meio Ambiente e executado em parceria com instituições governamentais e não governamentais, propiciou a ampliação desses bens”, relata a bióloga e curadora da coleção, Inês Ribeiro.

Herbário

Um Herbário consiste basicamente de uma coleção de plantas secas, devidamente preparadas e armazenadas, composta por amostras provenientes de todo o mundo ou de uma região em especial. Os registros do Herbário BHZB foram na maioria coletados no estado de Minas Gerais. As amostras das plantas secas, tecnicamente denominadas “exsicatas”, são acompanhadas por etiquetas ou fichas, as quais contêm dados da maior importância.

Por meio delas é possível, por exemplo, documentar cronologicamente a flora de uma determinada região, visando subsidiar a restauração de ambientes degradados ou podendo até mesmo auxiliar em estudos climáticos dela.

Implantado em 1993, o Herbário da FPMZB atualmente conta com um acervo de 15.429 exsicatas e encontra-se em franca expansão e transformação. Recentemente, as exsicatas foram depositadas em um moderno e eficiente arquivo deslizante, e os dados estão sendo importados para o sistema JABOT (banco de dados), vinculados ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro. As exsicatas também estão sendo digitalizadas, e suas imagens importadas para o sistema JABOT. Esse acervo pode ser consultado online através das plataformas JABOT ( https://bhzb.jbrj.gov.br ) e Species link/CRIA ( http://inct.splink.org.br )

No Herbário se encontra um acervo de alto valor científico de partes de plantas que foram coletadas, secas, preparadas e armazenadas em condições apropriadas. A coleção vem sendo formada desde 1993 e, em 2013, o Herbário recebeu seu registro no Index Herbariorum sob o acrônimo de BHZB ( http://sweetgum.nybg.org ), o que significa o reconhecimento da coleção como uma fonte de pesquisa para a comunidade científica de todo o planeta. Em 2006, o BHZB foi credenciado pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético do Ministério do Meio Ambiente (CGEN/MMA) como fiel depositário, ou seja, passou a ser um dos herbários brasileiros aptos a abrigar exemplares-testemunho de pesquisas botânicas. Com sua integração ao projeto INCT Herbário Virtual da Flora e dos Fungos do Brasil, os dados do acervo BHZB possuem acesso público livre, estando disponíveis para auxiliar a pesquisa e o desenvolvimento científico no país e no exterior, e ainda para estimular o uso público da informação científica.

Acervo: 15.429.

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