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Parceria entre governo e produtores rurais garante a preservação do Descoberto

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Projeto Produtor de Água fornecerá remuneração para proprietários moradores de regiões próximas ao curso hídrico que divide DF e Goiás; bacia é responsável por 60% de toda a água consumida pela população brasiliense.

O Governo do Distrito Federal (GDF) celebrou, nesta sexta-feira (22), data em que se comemora o Dia Mundial da Água, o contrato de serviços para proteção dos recursos hídricos na Bacia do Rio Descoberto. O documento firma a parceria entre a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) e produtores rurais da região – eles serão remunerados para ajudar na preservação do curso de água que divide a capital federal do estado de Goiás.

Bacia do Alto Descoberto ganha reforço com o engajamento dos produtores na causa ambiental; local é referência na produção sustentável de água e alimentos | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília

O projeto Produtor de Água busca engajar os proprietários de terra da área nos esforços para tornar a Bacia do Alto Descoberto referência na produção sustentável de água e alimento. O objetivo é garantir a segurança hídrica, conservar o solo e proteger a vegetação nativa do Cerrado. Para isso, todos os participantes, que são voluntários, receberão o equivalente a R$ 170 por hectare preservado.

Os números ajudam a dar a dimensão da importância da bacia para o abastecimento não só das produções locais, mas de toda a população do DF. Sozinho, o reservatório é responsável por cerca de 60% de toda a água consumida na capital federal. São 452 km² de extensão, dos quais 70% estão localizados em território brasiliense (Brazlândia e Ceilândia) e 30% em Goiás (Padre Bernardo e Águas Lindas).

Custos

O presidente da Caesb, Luís Antônio Almeida Reis, lembra que, além da preservação dos cursos hídricos, o projeto também ajudará a reduzir custos operacionais da companhia. “Quanto maior a qualidade da água, menor o custo para o tratamento”, afirma.

“Os agricultores daqui ajudando a natureza, mantendo essas áreas livres e limpas, com florestas e com tratamento natural, significa menos resíduos indo para os lagos, menos assoreamento”, complementa o gestor. “Isso melhora a qualidade da água do lago, que quando captada demandará menos químicos, menos energia e menos dinheiro para poder tratá-la.”

Segundo Reis, o orçamento para o projeto pode chegar a R$ 10 milhões, a serem empenhados em cinco anos. “A receptividade está excelente”, assegura. “Temos inúmeros produtores rurais chegando, e estaremos assinando os demais contratos ao longo dos próximos meses. Acreditamos que vamos atingir a nossa meta, que é de 250 produtores rurais parceiros”.

Entre as ações desenvolvidas nas propriedades, estão previstos cercamento de nascentes, plantio em matas ciliares, adequação de estradas rurais, terraceamento, saneamento rural, agricultura sustentável, educação ambiental, conservação da vegetação nativa e revestimento de canais.

Nesse contexto, os produtores também contarão com o apoio do Instituto Brasília Ambiental. “Toda obra que vai ser feita, principalmente quando se fala de água, precisa da parceria do instituto para obtenção do licenciamento ambiental”, lembra o presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer. “Não há como falar em água sem falar do Cerrado, que é o berço das águas. E, no Brasília Ambiental, temos a missão de proteger esse bioma tão importante”.

Cadastro voluntário

Os produtores rurais interessados em aderir ao projeto devem se cadastrar junto à Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). Antes, é preciso verificar se a propriedade rural está inserida nas áreas priorizadas pelo programa. Para isso, basta acionar a empresa pelo telefone (61) 3618-1015, caso esteja situada em Brasília, ou (62) 98152-1596, se estiver em Goiás.

O presidente da Emater-DF, Cleison Duval, ressalta que a empresa está empenhada na captação de produtores rurais que desejem ajudar na preservação da bacia. “Essa adesão é voluntária do produtor”, reforça. “A Emater atua na mobilização de todos eles, convidando-os a participar desse projeto. Fazemos visitas às propriedades; e, nessas visitas, os técnicos discutem o que pode ser feito para adequar a propriedade às melhores condições ambientais de preservação”.

Cláudio Araújo atua há 37 anos na preservação das nascentes: “A primeira recompensa direta é o aumento na produção de água”

Atualmente, a área de Brazlândia dispõe de 4,5 mil propriedades, entre as quais 2,5 mil diretamente ligadas à Bacia do Rio Descoberto. Uma delas pertence ao produtor rural Cláudio Henrique Rabelo Araújo, 46, que há 37 anos trabalha na preservação e reestruturação de nascentes. “A gente protege aquelas nascentes que já existem há bastante tempo, e a primeira recompensa direta é o aumento na produção de água”, defende.

Para Araújo, ter a oportunidade de ser remunerado pela atividade é um fator motivador: “É fantástico. O produtor rural que faz esse tipo de preservação não tinha, até então, incentivo financeiro. Agora, com essa possibilidade de entrar um dinheirinho, o pessoal fica feliz”.

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