Polícia Federal Intensifica Investigação Contra Silas Malafaia; Passaporte Apreendido Há Dois Meses
Brasília, 20 de Outubro de 2025 – A investigação envolvendo o pastor Silas Malafaia, um dos mais proeminentes líderes evangélicos do país e forte aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, completa dois meses nesta segunda-feira (20/10) com a Polícia Federal (PF) avançando na análise de material apreendido. O pastor teve seu passaporte e aparelhos eletrônicos confiscados por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e segue sob medidas cautelares que o impedem de deixar o país.
Malafaia foi alvo de busca e apreensão em 20 de agosto, no Aeroporto Internacional do Galeão, Rio de Janeiro, quando desembarcava de um voo vindo de Lisboa, Portugal. Além da apreensão de passaporte e celular, Moraes impôs a proibição de contato com outros investigados na mesma apuração, que se debruça sobre a atuação de grupos de desinformação, coação e obstrução de investigações que envolvem a cúpula do Poder Judiciário.
O Foco da Investigação
A inclusão de Malafaia no rol de investigados se deu após a PF e a Procuradoria-Geral da República (PGR) identificarem diálogos e publicações que sugerem a atuação do pastor na “definição de estratégias de coação e difusão de narrativas inverídicas”, visando pressionar membros do STF.
Relatórios da PF apontam que o pastor teria atuado como orientador de Jair e Eduardo Bolsonaro, sugerindo, em alguns momentos, a vinculação de pressões políticas – como ameaças de sanções e tarifas americanas – a uma eventual anistia no Brasil para os investigados em inquéritos sensíveis.
O ministro Alexandre de Moraes, ao determinar as medidas cautelares, citou evidências de atuação conjunta para obstruir a Justiça e coagir o Judiciário, enquadrando as condutas como crime de obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa.
A Defesa e as Reações do Pastor
Desde a apreensão, Malafaia tem se manifestado publicamente, principalmente por meio de vídeos nas redes sociais, classificando a decisão de Moraes como uma “aberração” e rejeitando a hipótese de fuga.
“Todo mundo no mundo jurídico sabe que para apreender o passaporte de alguém tem que haver risco iminente de fuga. Eu estava em Portugal. Se eu tivesse medo, eu ficava lá, ou ia para a América, onde tenho igrejas. Uma coisa eu não sou: covarde, medroso e fujão,” declarou o pastor, pedindo a devolução de seus pertences.
Apesar da defesa veemente e do pedido formal para reaver o passaporte, a PF segue com a análise do material apreendido – incluindo o celular e cadernos pessoais – que pode trazer mais elementos sobre o grau de envolvimento de Malafaia nas ações coordenadas.
As próximas etapas da investigação incluem a provável intimação do pastor para prestar depoimento formal na sede da Polícia Federal, antes de qualquer decisão sobre um eventual indiciamento. O caso continua sendo um dos mais acompanhados no cenário político-jurídico nacional.
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