POLITRAUMATISMO

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Politraumatismo: A Corrida Contra o Tempo por Vidas em Risco

O politraumatismo representa um dos maiores desafios da medicina de urgência e emergência, sendo a principal causa de morte e incapacidade em diversas faixas etárias, especialmente entre os jovens. Esta condição grave exige uma resposta médica imediata e altamente coordenada, onde cada segundo conta.


O Que Define um Politraumatismo?

O termo é reservado para casos de lesões múltiplas e graves que, sozinhas ou em conjunto, colocam a vida do paciente em risco imediato.

Definição Clínica: Um paciente é considerado politraumatizado quando apresenta duas ou mais lesões graves em pelo menos duas áreas diferentes do corpo (sistemas orgânicos distintos), e que essas lesões causam ou podem causar um comprometimento de parâmetros fisiológicos (como respiração ou circulação).

Lesões comuns incluem fraturas de ossos longos, lesões cerebrais e de coluna, hemorragias internas e danos a órgãos vitais (tórax e abdômen).

As Principais Causas

O politraumatismo é quase sempre resultado de um evento de alta energia ou impacto. As causas mais frequentes são:

  1. Acidentes de Trânsito: Colisões de veículos motorizados, atropelamentos e acidentes com motocicletas, especialmente em alta velocidade.
  2. Quedas de Grande Altura: Como quedas de lajes, escadas ou andaimes.
  3. Ferimentos por Armas: Ferimentos por arma de fogo ou arma branca, classificados como trauma penetrante.
  4. Desastres e Explosões: Queimaduras extensas e trauma por onda de choque.

A Gravidade da Lesão: O ISS

A gravidade do quadro é crucial para determinar o prognóstico. Uma das ferramentas mais utilizadas internacionalmente para mensurar a severidade das lesões é o Injury Severity Score (ISS), que atribui uma pontuação com base nas lesões mais graves em diferentes regiões do corpo.

  • Um paciente com ISS ≥ 16 é classificado como vítima de trauma importante (grave), e a taxa de mortalidade aumenta consideravelmente a partir deste ponto.

O Protocolo de Atendimento: A Hora de Ouro

O tempo entre o trauma e o início do tratamento definitivo é conhecido como “Hora de Ouro”, um período em que a intervenção médica tem o maior potencial de salvar a vida do paciente.

O atendimento inicial segue um protocolo rigoroso e padronizado mundialmente, conhecido como ABCDE do Trauma (Protocolo ATLS – Advanced Trauma Life Support). A prioridade é sempre tratar o que mata mais rápido:

EtapaSiglaFoco (Prioridade de Ação)
AAirwayVia Aérea com controle da coluna cervical. Garantir que o paciente consiga respirar e imobilizar o pescoço.
BBreathingRespiração e Ventilação. Avaliar e tratar lesões no tórax que impeçam a respiração (como pneumotórax ou hemotórax).
CCirculationCirculação e Controle de Hemorragia. Interromper sangramentos e iniciar a reposição de volume (fluídos ou sangue).
DDisabilityDisfunção Neurológica (Exame Neurológico). Avaliar o nível de consciência e função neurológica (Escala de Coma de Glasgow).
EExposureExposição e Controle do Ambiente. Despir completamente o paciente para identificar todas as lesões e prevenir a hipotermia.

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Prognóstico e Sequências

O sucesso no tratamento do politraumatismo depende da rapidez e da eficácia do atendimento pré-hospitalar e hospitalar, além da gravidade e da localização das lesões.

Mesmo após a estabilização, o paciente politraumatizado frequentemente enfrenta um longo caminho de recuperação, que pode incluir múltiplas cirurgias, internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e reabilitação intensiva. As sequelas mais comuns são de natureza ortopédica e neurológica, exigindo uma abordagem multidisciplinar de longo prazo.

Apesar dos avanços na medicina do trauma, a prevenção – principalmente por meio de campanhas de segurança no trânsito e no trabalho – continua sendo a ferramenta mais poderosa para reduzir a incidência do politraumatismo.

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