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Profissão Repórter mostra histórias de recomeço após resgate do trabalho escravo

Nova vida após o sofrimento e busca de reconexão de laços familiares perdidos com o tempo são abordados no programa

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No último ano, mais de três mil trabalhadores em situação análoga à escravidão foram resgatados no Brasil, o maior número já registrado nos últimos quatorze anos. Logo após a série Sob Pressão , na TV Globo , no programa desta terça-feira (16) as equipes de reportagem do Profissão Repórter se dividem entre os estados de Minas Gerais e da Bahia para contar a história de alguns dos trabalhadores que foram resgatados e as dificuldades que eles enfrentam para recomeçar a vida.

Descalço, com um corte no pé, sem luvas ou óculos de proteção. Foi assim que o repórter Júlio Molica e o repórter cinematográfico Bruno Trentin encontraram um jovem de 16 anos, colhendo manualmente café em uma fazenda em Nova Resende, no sul de Minas Gerais.

Ele é um dos 23 trabalhadores resgatados numa operação coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego para coibir o trabalho análogo à escravidão. Em três fazendas, os auditores identificaram trabalho degradante e tráfico de pessoas, além de crime de natureza previdenciária em razão da informalidade na contratação das vítimas. Os proprietários foram obrigados a pagar multas rescisórias de aproximadamente R$100 mil.

Ainda no programa desta semana, a equipe de reportagem visita duas cidades no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, para mostrar que o fluxo de trabalhadores da região para plantações no sul de Minas e em São Paulo se repete ano após ano.

Jorge dos Santos, da Articulação dos Empregados Rurais do Estado de Minas Gerais, afirma que a pobreza leva trabalhadores da região a buscarem oportunidades de trabalho inadequadas e defende políticas públicas que mantenham o pequeno produtor rural em sua região de origem.

De acordo com o coordenador do projeto “Vida Pós Resgate”, uma parceria entre a Fundacentro e o Ministério Público do Trabalho, o grande desafio é fazer com que os trabalhadores não se submetam à exploração novamente. “Se não houver uma alternativa sustentável de renda digna no local de origem dessas pessoas, elas vão retornar para relações degradantes de trabalho”, diz Vitor Filgueiras.

O projeto utiliza recursos de danos morais coletivos pagos por empresas condenadas por trabalho escravo para criar associações de trabalhadores resgatados nas cidades onde vivem. Atualmente, existem cinco na Bahia.

Em Conceição do Coité, o presidente da associação da cidade, José Claudio dos Santos Ferreira, conta que não existem muitas alternativas de trabalho na região, e, por isso, muitos resgatados que conheceu acabaram saindo novamente da Bahia para trabalhar em outros estados. Já em Monte Santo, voltar a sair de casa não é uma ideia.

A repórter Mayara Teixeira conversa com o também presidente da associação local, Givaldo Neves de Jesus, que afirma que o projeto “Vida Pós Resgate” é a única esperança. “Trabalhar para nós mesmos é outro nível, depende só de nós para dar certo” , diz. Na cidade, uma operação federal resgatou 210 pessoas e as empresas envolvidas no caso foram condenadas a pagar R$7 milhões em multas.

Em Minas Gerais, o repórter André Neves Sampaio e o técnico Ibraim Damasceno vão até Uberlândia e Belo Horizonte para conhecer as histórias de três mulheres que foram resgatadas do trabalho escravo doméstico em 2023, e, agora, livres, tentam recomeçar. Uma vida solitária, já que o contato com a família se perdeu nos mais de 40 anos de escravidão.

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