Trump Avalia Não Tarifar Produtos do Agro Brasileiro Não Produzidos nos EUA: Um Alívio Parcial?

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Em meio à crescente apreensão gerada pela anunciada tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o governo do Presidente Donald Trump sinaliza a possibilidade de uma exceção para produtos agrícolas que não são cultivados em larga escala nos Estados Unidos. A informação, divulgada por Howard Lutnick, Secretário de Comércio norte-americano, traz um respiro para alguns setores do agronegócio brasileiro, mas mantém a tensão sobre outros.

A declaração de Lutnick, feita nesta terça-feira (29), sugere que o governo americano estaria avaliando a aplicação de tarifa zero para alimentos e outros recursos naturais que não têm produção interna significativa nos EUA. Ele citou café, cacau, manga e abacaxi como exemplos de produtos que poderiam ser isentos da taxação.

Alívio para Alguns, Preocupação para Outros

Essa potencial mudança de postura representa um alívio para os produtores brasileiros desses nichos, que não competem diretamente com a produção agrícola americana. O Brasil é um dos maiores exportadores globais de café e tem uma participação relevante no mercado de frutas tropicais, como a manga, para os EUA.

No entanto, a medida não abrange os produtos que são o cerne da disputa comercial e que competem com a produção americana. Setores como o de suco de laranja, carne bovina e açúcar, que foram os mais visados pelo “tarifaço” de 50%, continuam sob a ameaça de ver suas exportações para os EUA inviabilizadas. Para o suco de laranja, por exemplo, a tarifa de 50% tornaria o produto proibitivo para o consumidor americano, já que os EUA possuem produção própria, embora em declínio.

A Lógica por Trás da Possível Exceção

A estratégia de Trump, se confirmada, visa evitar que as tarifas prejudiquem diretamente os consumidores ou indústrias americanas que dependem de importações de produtos não produzidos internamente. Ao isentar esses itens, a Casa Branca poderia tentar mitigar parte do impacto negativo sobre a sua própria economia, enquanto mantém a pressão sobre os setores que considera concorrentes.

Cenário de Negociações e Incertezas

Apesar dessa sinalização de um possível alívio parcial, o governo brasileiro mantém a prioridade na negociação para evitar a implementação da tarifa de 50% em 1º de agosto de 2025. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o vice-presidente Geraldo Alckmin continuam em diálogo com autoridades americanas, buscando uma solução que proteja o agronegócio e a economia brasileira.

A situação do comércio exterior brasileiro permanece complexa, com a ameaça de tarifas americanas e as recentes taxações impostas pela Venezuela. A capacidade de adaptação do agronegócio e a habilidade diplomática do Brasil serão cruciais para navegar neste cenário de incertezas e proteger os interesses nacionais.

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