Polêmica na Cultura: Entidade por Trás de Verba da Lei Rouanet no Jockey de SP é Questionada

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São Paulo, 19 de Outubro de 2025 – A recente autorização do Ministério da Cultura (MinC) para a captação de R$ 48 milhões via Lei Rouanet destinados ao restauro do Jockey Club de São Paulo acendeu um novo ponto de controvérsia. Embora a nobreza do projeto de preservação do patrimônio Art Déco seja inegável, a entidade proponente, a Elysium Sociedade Cultural, tem sido alvo de questionamentos sobre sua presença e visibilidade institucional, levantando a dúvida: a organização “só existe no Instagram”?

A Elysium e o Status “Digital”

A crítica de que a proponente seria uma entidade “apenas digital” contrasta com a robustez do projeto aprovado. A Lei Rouanet exige que as proponentes tenham capacidade técnica e histórica para gerir grandes verbas e projetos.

No entanto, a pesquisa de campo e a observação da presença online indicam um cenário mais complexo:

  • Atuação Comprovada em Restauro: A Elysium tem projetos documentados e em andamento no próprio Jockey Club, como o restauro de elementos como o forro do Salão Nobre e pisos de mármore e madeira, além de promover cursos gratuitos de restauro no local, em parceria com o clube. A Sociedade também coordena a restauração de outros marcos históricos, como o Palacete Tira-Chapéu, em São Paulo.
  • Foco em Patrimônio e Art Déco: A organização tem um histórico ligado à preservação cultural, realizando eventos e circuitos nacionais em celebração a marcos como o centenário do Art Déco no Brasil, estilo arquitetônico predominante no Jockey.
  • Presença Institucional: Diferente de uma “construtora” comum (a Elysium é uma sociedade cultural), a entidade possui um site institucional completo (elysium.org.br) com histórico de projetos, notícias e informações de contato, além de manter perfis em redes sociais.

Por Que a Dúvida Persiste?

O questionamento público sobre a credibilidade de entidades que propõem projetos de grande porte se intensificou nos últimos anos devido a polêmicas envolvendo a Lei Rouanet. No caso do Jockey, a dúvida pode surgir por alguns motivos:

  1. Natureza da Verba: O valor de R$ 48 milhões é expressivo e, por se tratar de um recurso incentivado (captação), exige máxima transparência e fiscalização.
  2. Foco em B2B: Entidades de restauro de patrimônio (Bens de Grande Valor) muitas vezes operam em um circuito mais fechado de parcerias com grandes empresas patrocinadoras (que buscam o incentivo fiscal), e não têm a mesma visibilidade de uma produtora de shows ou eventos abertos ao público.
  3. Complexidade do Jockey: O Jockey Club de São Paulo vive um drama de desapropriação e dívidas milionárias, colocando qualquer projeto ligado ao local sob um intenso escrutínio.

Em nota, a Elysium Sociedade Cultural tem destacado que a verba autorizada é específica para o restauro do patrimônio material, um trabalho de alta especialidade que busca resgatar a beleza e a importância histórica do Jockey para a cidade. O desafio, agora, é traduzir a experiência técnica da entidade em transparência pública, garantindo que o valor milionário seja, de fato, integralmente aplicado na recuperação do icônico Art Déco paulistano.

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