Sudorese: A Função Essencial do Suor e Quando a Transpiração Vira Hiperidrose
O suor – ou sudorese – é muito mais do que um inconveniente do verão ou do nervosismo. É um mecanismo de sobrevivência vital, um complexo sistema de “ar-condicionado” do corpo humano. No entanto, quando a produção de suor se torna excessiva e descontrolada, a condição ganha um nome e a atenção médica necessária: Hiperidrose.
O Papel Nobre do Suor
A sudorese é um processo biológico fundamental para a termorregulação. Quando a temperatura corporal se eleva (seja pelo calor externo, febre ou exercício físico), o hipotálamo – o centro regulador do calor no cérebro – envia sinais para as glândulas sudoríparas.
O suor é composto por cerca de 99% de água e sais minerais. Ao ser liberado na superfície da pele, sua evaporação dissipa o calor, promovendo o resfriamento do corpo e mantendo a temperatura interna estável, em torno dos 37°C.
Existem dois tipos principais de glândulas sudoríparas:
- Glândulas Écrinas: Estão em quase todo o corpo, produzem um suor inodoro, composto principalmente por água e sal, e são as responsáveis pela regulação térmica.
- Glândulas Apócrinas: Localizam-se principalmente nas axilas e virilhas. O suor que produzem tem maior concentração de substâncias orgânicas. O mau cheiro (bromidrose) surge quando essas substâncias entram em contato com as bactérias presentes na pele.
Hiperidrose: Quando o Suor é Demais
A Hiperidrose é uma condição crônica caracterizada pela produção de suor em quantidade muito superior à necessária para a regulação térmica. Estima-se que afete cerca de 3% da população. O suor é tão intenso que pode encharcar roupas, mãos e pés, causando grande desconforto, constrangimento social e interferindo nas atividades diárias e profissionais.
A hiperidrose é classificada em dois tipos principais:
| Tipo | Característica Principal | Áreas Afetadas |
| Primária (Focal) | De origem genética, geralmente sem causa médica subjacente. É influenciada por fatores emocionais (estresse, ansiedade). Geralmente desaparece durante o sono. | Mãos, pés, axilas e face (simetricamente). |
| Secundária (Generalizada) | Causada por outra condição médica (distúrbios hormonais, neurológicos, obesidade) ou pelo uso de certos medicamentos. Pode afetar o corpo todo e persiste durante o sono. | Corpo todo ou áreas incomuns. |
Sinais de Alerta:
A sudorese intensa, especialmente se for generalizada, aparecer subitamente na idade adulta ou ocorrer durante a noite, deve ser investigada. Sinais como suor excessivo acompanhado de perda de peso sem explicação, febre ou palpitações exigem atenção médica imediata, pois podem indicar doenças subjacentes (como hipertireoidismo, infecções ou, em casos raros, certos tipos de câncer).
Opções de Tratamento para o Excesso de Suor
Para quem sofre com a hiperidrose, existem diversas opções de tratamento que ajudam a controlar a condição e melhorar a qualidade de vida, devendo ser sempre acompanhadas por um dermatologista ou clínico geral:
- Antitranspirantes Tópicos: São a primeira linha de tratamento. Produtos com alta concentração de sais de alumínio são os mais eficazes, pois agem bloqueando temporariamente os ductos das glândulas sudoríparas.
- Toxina Botulínica (Botox): Injetada diretamente na área afetada (principalmente axilas, palmas das mãos e solas dos pés), a toxina bloqueia a comunicação nervosa que estimula a produção de suor. O efeito é temporário, durando de 3 a 9 meses.
- Iontoforese: Utiliza água e uma corrente elétrica leve para desativar temporariamente as glândulas sudoríparas. É mais indicada para mãos e pés.
- Medicamentos Orais: Remédios anticolinérgicos podem ser prescritos para diminuir a produção de suor de forma generalizada, mas podem ter efeitos colaterais como boca seca e visão turva.
- Cirurgia (Simpatectomia Torácica Endoscópica): Considerada o último recurso, envolve o corte do nervo simpático que estimula a produção de suor em certas regiões (especialmente mãos e axilas). O principal risco é a sudorese compensatória, onde o suor passa a ser excessivo em outras partes do corpo.
Manter uma boa higiene, preferir roupas de tecidos naturais (como algodão) e evitar o consumo excessivo de cafeína, álcool e alimentos muito apimentados são medidas complementares que também auxiliam no controle da sudorese.



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