Ouro Líquido Nacional: A Revolução da Olivicultura no Brasil

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De importador voraz a produtor de azeites extravirgens de classe mundial, o Brasil supera o desafio do clima e conquista paladares e prêmios internacionais.

O Brasil é, historicamente, um dos maiores importadores globais de azeite e azeitonas, com quase a totalidade do consumo interno vindo de países de clima mediterrâneo, como Portugal e Espanha. Contudo, nas últimas décadas, uma revolução silenciosa, impulsionada por pesquisa e pioneirismo, vem transformando a realidade nacional: a olivicultura brasileira floresce e produz azeites de altíssima qualidade, aclamados internacionalmente.

🗺️ Onde a Azeitona Floresce

O cultivo da oliveira (ou olivicultura) exige uma condição climática específica, principalmente um inverno frio que garanta o “choque térmico” essencial para a floração da planta. No Brasil, duas grandes regiões se consolidaram como polos produtores:

  1. Rio Grande do Sul (RS): Maior produtor em volume, o estado se beneficia das áreas subtropicais que proporcionam o frio necessário. A olivicultura gaúcha possui plantios em maior escala, com destaque para municípios como Pinheiro Machado, Canguçu e Encruzilhada do Sul. O RS bateu recordes de produção de azeite nos últimos anos, totalizando mais de 580 mil litros na safra 2022/2023.
  2. Serra da Mantiqueira (MG/SP/RJ): Concentrando-se em Minas Gerais (notadamente em Maria da Fé) e São Paulo, esta região aposta no diferencial da altitude e no foco na qualidade premium, com produtores que investem em frescor e excelência.

🏆 Qualidade Extrafresca e Reconhecimento Mundial

Embora a produção brasileira ainda represente uma fatia minúscula (cerca de 1%) do consumo interno, a estratégia dos produtores é clara: competir pela qualidade, não pelo volume.

  • Diferencial do Frescor: A colheita e o processamento no Brasil ocorrem no verão, de janeiro a março, garantindo um azeite extrafresco que chega ao consumidor rapidamente. Em contraste, os azeites europeus levam meses para chegar ao mercado brasileiro, perdendo em aroma e sabor.
  • Chuva de Prêmios: O azeite brasileiro tem conquistado inúmeros prêmios nas competições mais prestigiadas do mundo, como Terraolivo (Israel) e Flos Olei (Itália). Rótulos nacionais têm sido consistentemente classificados entre os melhores, com pontuações elevadas, evidenciando o padrão de qualidade internacional alcançado.

📝 Foco na Excelência: Pesquisas da Embrapa e de instituições como o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) atestam a qualidade dos azeites nacionais, que apresentam os frutados, o amargor e a picância característicos dos melhores extravirgens.


🚧 Desafios Agrícolas e a Busca por Eficiência

A jornada da azeitona no Brasil não é isenta de obstáculos. Os produtores nacionais enfrentam desafios únicos, já que a cultura é adaptada ao clima mediterrâneo:

  • Exigências Climáticas: Encontrar a perfeita amplitude térmica (invernos frios e verões quentes) e mitigar o excesso de umidade do clima subtropical exigem conhecimento e tecnologia.
  • Correção do Solo: O solo brasileiro, muitas vezes mais ácido nas regiões de cultivo, exige intenso trabalho de correção com calcário para se adequar às necessidades da oliveira.
  • Investimento em Tecnologia: Para garantir o extravirgem (obtido por extração a frio e rápida), os produtores investem em lagares modernos e tecnologia de ponta para o processamento imediato das azeitonas após a colheita, minimizando a oxidação.

A olivicultura no Brasil está em uma fase de consolidação e expansão. Com o crescimento da área plantada, o aumento do número de lagares (unidades de extração) e o foco contínuo na pesquisa e na qualidade, o país se posiciona para se tornar não apenas um produtor, mas uma referência em azeites gourmet na América Latina.

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