A Fascinante Arte de Criar Tartarugas: Do Habitat Ideal à Legalização no Brasil
As tartarugas – incluindo seus “primos” cágados e jabutis – são pets silenciosos, de temperamento tranquilo e que podem viver por décadas, tornando-se companheiros de longuíssimo prazo. No entanto, sua criação exige mais do que apenas carinho: é fundamental ter conhecimento técnico, estrutura adequada e, acima de tudo, estar em dia com a legislação brasileira.
Criar um quelônio (nome científico dado a répteis com casco) sem a devida autorização do órgão ambiental competente, como o Ibama, é considerado crime ambiental. Portanto, a palavra-chave para quem deseja um desses répteis é: legalidade e responsabilidade.
1. A Questão Legal no Brasil: Como Ter Sua Tartaruga Sem Ilegalidade
Diferentemente de cães e gatos, a maioria das espécies de quelônios comercializadas no Brasil é considerada fauna silvestre ou exótica e exige controle.
O caminho correto para a posse legal é:
- Adquira Apenas de Criadores Autorizados: Jamais compre animais sem procedência. A única forma legal de ter uma tartaruga, cágado ou jabuti no Brasil é comprando-a em criadouros, lojas ou estabelecimentos comerciais que possuam autorização do Ibama (ou órgão ambiental estadual/distrital).
- Exija a Documentação: Ao comprar, o tutor deve receber, obrigatoriamente, a Nota Fiscal (contendo a espécie e a marcação do animal) e o Certificado de Origem do criadouro legalizado. Essa documentação é a prova legal da posse.
- Animais Isentos: Algumas poucas espécies podem estar isentas da necessidade de autorização, mas é fundamental que o interessado consulte a lista oficial do Ibama para garantir que a espécie desejada não exige documentação.
Atenção: A posse legalizada de um quelônio de estimação não permite a reprodução ou a comercialização do animal.
2. Montando o Habitat Perfeito: Casa de Água ou de Terra?
Os quelônios são divididos em três grupos, e o tipo de habitat deve respeitar a espécie escolhida:
| Espécie | Características | Habitat Necessário |
| Tartaruga | Principalmente aquática, com casco mais plano. | Aquaterrário: Grande tanque com bastante profundidade para natação, e uma área seca (basking area) para descanso e aquecimento. |
| Cágado | Semiacuático (vive na água e na terra), com pescoço longo. | Aquaterrário: Proporção maior de água, mas com rampas e uma área terrestre bem definida. |
| Jabuti | Exclusivamente terrestre, com casco alto e arredondado. | Terrário/Cercado Terrestre: Precisa de um ambiente grande, com substrato (terra/areia) para escavação e espaços amplos para caminhar. |
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Cuidados Essenciais com a Estrutura:
- Iluminação UVA/UVB: É crucial para a saúde óssea e a correta absorção de Vitamina D3 e cálcio. A lâmpada UVB deve ser instalada sobre a área seca (local de aquecimento) e trocada regularmente.
- Controle de Temperatura: Tartarugas são animais de sangue frio. É necessário manter a temperatura da água (para espécies aquáticas, geralmente entre 24°C a 28°C) e do ambiente estável, utilizando aquecedores submersíveis e lâmpadas de aquecimento.
- Higiene: Quelônios sujam o ambiente rapidamente. A água deve ser filtrada com um bom sistema e trocada parcialmente semanalmente para evitar a proliferação de bactérias e fungos.
3. Dieta e Saúde: Longa Vida e Responsabilidade
As tartarugas podem viver por décadas (alguns jabutis ultrapassam 80 anos), e a dieta é vital para essa longevidade.
- Alimentação Balanceada: A base da dieta deve ser composta por rações específicas para répteis quelônios, complementada com vegetais (folhas escuras), frutas e, para as aquáticas, proteína animal (peixes pequenos ou insetos). A consulta a um veterinário especializado em animais silvestres é essencial para definir a dieta correta.
- Cálcio: A suplementação de cálcio é importantíssima para manter a saúde do casco.
- Veterinário Especializado: Busque acompanhamento com um veterinário herpetólogo (especialista em répteis). Doenças de casco, problemas respiratórios e deficiências de vitaminas são comuns quando o manejo é incorreto.
Nunca Solte na Natureza: Soltar uma tartaruga doméstica ou exótica na natureza é extremamente prejudicial ao ecossistema local e à própria sobrevivência do animal, além de configurar um crime ambiental. A posse de um quelônio é um compromisso de uma vida inteira.
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