CONGONHAS
Congonhas (MG): A Terra dos Profetas e o Esplendor do Barroco Mundial
No coração de Minas Gerais, a cidade de Congonhas ergue-se como um dos mais importantes marcos da arte e da fé no Brasil. Fundada no ciclo do ouro, mas hoje movida pela mineração de ferro, sua fama mundial se deve ao Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, um complexo arquitetônico e artístico declarado Patrimônio Cultural Mundial pela UNESCO em 1985.
Visitar Congonhas é mergulhar na obra-prima do mestre maior do Barroco brasileiro: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos: Arte e Devoção
O complexo do Santuário, construído na segunda metade do século XVIII por iniciativa do minerador português Feliciano Mendes em pagamento a uma promessa, é o principal cartão postal da cidade e um centro de peregrinação que atrai milhares de fiéis anualmente, especialmente durante o Jubileu.
A obra é composta por:
1. Os Doze Profetas
No adro da igreja, em um patamar de destaque, estão as famosas Doze Profetas, esculpidas em pedra-sabão entre 1800 e 1805. Em tamanho real e com feições dramáticas e gestos eloquentes, estas esculturas são consideradas a realização máxima de Aleijadinho. A maneira como se curvam e apontam, conferindo movimento e expressividade ao conjunto, é um testemunho da genialidade do artista.
2. Os Passos da Paixão
Na ladeira de acesso ao Santuário, seis capelas abrigam os Passos da Paixão de Cristo. Dentro delas, o visitante encontra um conjunto impressionante de 66 esculturas em cedro que retratam os momentos finais de Jesus. As imagens foram esculpidas por Aleijadinho e sua equipe (entre 1796 e 1799) e pintadas por outro gigante do período, Mestre Manuel da Costa Ataíde.
3. A Basílica e o Rococó
A igreja principal, em estilo rococó, abriga um interior luxuosamente decorado. A pintura do forro do altar-mor e os retábulos dourados complementam a riqueza artística, integrando o trabalho de Aleijadinho a outros importantes artistas da época.
Do Ouro ao Ferro: A História da Cidade
A origem de Congonhas do Campo — como era conhecida — remonta ao início do século XVIII e está diretamente ligada à febre do ouro em Minas Gerais. A região era um importante centro de mineração, e a riqueza gerada financiou as grandes obras de arte sacra.
Atualmente, o motor econômico da cidade é a mineração de ferro, com grandes operações industriais que contrastam com o casario colonial do seu sítio histórico. Essa convivência entre a tradição barroca e a modernidade industrial impõe desafios constantes à preservação do seu inestimável patrimônio.
Experiência do Visitante
Além do Santuário, a visita a Congonhas pode ser complementada pelo Museu de Congonhas, um espaço moderno inaugurado em 2015 que oferece uma experiência imersiva e educativa, explicando a história da devoção, a simbologia da obra e o contexto da criação do Santuário.
Congonhas, a “Cidade dos Profetas”, é um destino obrigatório para quem busca aprofundar-se na história do Brasil Colônia, na fé e no legado artístico atemporal de Aleijadinho. É um local onde a arte, a história e a religiosidade se encontram, olhando o futuro sob o olhar vigilante de doze profetas de pedra-sabão.
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