SUDORESE

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Sudorese: Mais Que Suor, o Mecanismo Vital de Termorregulação do Corpo

A sudorese, ou transpiração, é um dos mecanismos mais essenciais e fascinantes do corpo humano. Longe de ser apenas um incômodo, o suor é a forma primordial pela qual o organismo mantém sua temperatura estável em torno dos 37 ºC, atuando como um verdadeiro sistema de arrefecimento biológico.

Produzido pelas glândulas sudoríparas, o suor é um líquido composto majoritariamente por água e sal. Quando o corpo aquece (seja pelo calor do ambiente, febre ou exercício físico), o sistema nervoso simpático avisa às glândulas que é hora de transpirar. Ao evaporar na superfície da pele, o suor rouba calor do corpo, promovendo o resfriamento.

Os Tipos de Glândulas e a Origem do Odor

Existem dois tipos principais de glândulas sudoríparas, cada uma com uma função distinta:

  1. Glândulas Écrinas: Distribuídas por quase todo o corpo, são responsáveis pela maior parte do suor liberado para a termorregulação. O suor écrino é inodoro, composto principalmente por água e sais.
  2. Glândulas Apócrinas: Concentradas em áreas como axilas, virilha e ao redor dos mamilos, elas se tornam ativas na puberdade. Seu suor é mais viscoso e rico em proteínas e ácidos graxos. É o contato desta secreção com as bactérias presentes na pele que gera o odor corporal característico.

Hiperidrose: Quando o Suor se Torna Excessivo

Embora a sudorese seja um processo normal, a produção excessiva e constante de suor, que interfere nas atividades diárias e causa desconforto, é chamada de hiperidrose. Essa condição afeta uma parcela da população e pode ser dividida em dois tipos principais:

  • Hiperidrose Primária (Focal): É a mais comum, geralmente localizada em áreas específicas como axilas, palmas das mãos, solas dos pés, rosto ou cabeça. Aparece na infância ou adolescência e, muitas vezes, tem um componente genético. É característico que os sintomas desapareçam durante o sono ou em repouso, sendo desencadeados principalmente por estímulos emocionais (estresse, ansiedade, nervosismo).
  • Hiperidrose Secundária (Generalizada): Ocorre em todo o corpo, podendo aparecer inclusive durante o sono. É um sintoma de outra condição de saúde subjacente, como distúrbios endócrinos (hipertireoidismo, menopausa), infecções (como tuberculose) ou o uso de certos medicamentos (antidepressivos).

Opções de Tratamento para o Suor Excessivo

Para os casos de hiperidrose que afetam a qualidade de vida, o tratamento deve ser individualizado e supervisionado por um dermatologista, podendo incluir:

  1. Antitranspirantes Tópicos: Contêm sais de alumínio que bloqueiam temporariamente os ductos sudoríparos. São o primeiro passo no tratamento da hiperidrose axilar.
  2. Toxina Botulínica (Botox): Injetada na área afetada (axilas, palmas ou pés), a toxina bloqueia o sinal nervoso que estimula a glândula a produzir suor. Seu efeito dura, em média, de 5 a 12 meses.
  3. Iontoforese: Técnica que usa uma corrente elétrica suave na água para “desligar” temporariamente as glândulas sudoríparas, sendo mais usada para mãos e pés.
  4. Medicamentos Orais: Agentes anticolinérgicos podem ser prescritos para casos mais generalizados, mas exigem acompanhamento médico rigoroso devido a possíveis efeitos colaterais (como boca seca e visão turva).
  5. Cirurgia (Simpatectomia Torácica Endoscópica): Considerada um último recurso, a cirurgia consiste no corte do nervo simpático que estimula as glândulas. É muito eficaz para mãos, mas o principal risco é a sudorese compensatória, ou seja, o suor excessivo passa a ocorrer em outras áreas do corpo, como tronco ou costas.

Em resumo, a sudorese é um termostato corporal que nos mantém vivos. No entanto, quando ultrapassa os limites do necessário, a hiperidrose é uma condição tratável que, com a orientação médica correta, pode ser controlada para devolver conforto e confiança ao paciente.

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