POLITRAUMATISMO
Politraumatismo: A Corrida Contra o Tempo por Vidas em Risco
O politraumatismo representa um dos maiores desafios da medicina de urgência e emergência, sendo a principal causa de morte e incapacidade em diversas faixas etárias, especialmente entre os jovens. Esta condição grave exige uma resposta médica imediata e altamente coordenada, onde cada segundo conta.
O Que Define um Politraumatismo?
O termo é reservado para casos de lesões múltiplas e graves que, sozinhas ou em conjunto, colocam a vida do paciente em risco imediato.
Definição Clínica: Um paciente é considerado politraumatizado quando apresenta duas ou mais lesões graves em pelo menos duas áreas diferentes do corpo (sistemas orgânicos distintos), e que essas lesões causam ou podem causar um comprometimento de parâmetros fisiológicos (como respiração ou circulação).
Lesões comuns incluem fraturas de ossos longos, lesões cerebrais e de coluna, hemorragias internas e danos a órgãos vitais (tórax e abdômen).
As Principais Causas
O politraumatismo é quase sempre resultado de um evento de alta energia ou impacto. As causas mais frequentes são:
- Acidentes de Trânsito: Colisões de veículos motorizados, atropelamentos e acidentes com motocicletas, especialmente em alta velocidade.
- Quedas de Grande Altura: Como quedas de lajes, escadas ou andaimes.
- Ferimentos por Armas: Ferimentos por arma de fogo ou arma branca, classificados como trauma penetrante.
- Desastres e Explosões: Queimaduras extensas e trauma por onda de choque.
A Gravidade da Lesão: O ISS
A gravidade do quadro é crucial para determinar o prognóstico. Uma das ferramentas mais utilizadas internacionalmente para mensurar a severidade das lesões é o Injury Severity Score (ISS), que atribui uma pontuação com base nas lesões mais graves em diferentes regiões do corpo.
- Um paciente com ISS ≥ 16 é classificado como vítima de trauma importante (grave), e a taxa de mortalidade aumenta consideravelmente a partir deste ponto.
O Protocolo de Atendimento: A Hora de Ouro
O tempo entre o trauma e o início do tratamento definitivo é conhecido como “Hora de Ouro”, um período em que a intervenção médica tem o maior potencial de salvar a vida do paciente.
O atendimento inicial segue um protocolo rigoroso e padronizado mundialmente, conhecido como ABCDE do Trauma (Protocolo ATLS – Advanced Trauma Life Support). A prioridade é sempre tratar o que mata mais rápido:
Etapa | Sigla | Foco (Prioridade de Ação) |
A | Airway | Via Aérea com controle da coluna cervical. Garantir que o paciente consiga respirar e imobilizar o pescoço. |
B | Breathing | Respiração e Ventilação. Avaliar e tratar lesões no tórax que impeçam a respiração (como pneumotórax ou hemotórax). |
C | Circulation | Circulação e Controle de Hemorragia. Interromper sangramentos e iniciar a reposição de volume (fluídos ou sangue). |
D | Disability | Disfunção Neurológica (Exame Neurológico). Avaliar o nível de consciência e função neurológica (Escala de Coma de Glasgow). |
E | Exposure | Exposição e Controle do Ambiente. Despir completamente o paciente para identificar todas as lesões e prevenir a hipotermia. |
Exportar para as Planilhas
Prognóstico e Sequências
O sucesso no tratamento do politraumatismo depende da rapidez e da eficácia do atendimento pré-hospitalar e hospitalar, além da gravidade e da localização das lesões.
Mesmo após a estabilização, o paciente politraumatizado frequentemente enfrenta um longo caminho de recuperação, que pode incluir múltiplas cirurgias, internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e reabilitação intensiva. As sequelas mais comuns são de natureza ortopédica e neurológica, exigindo uma abordagem multidisciplinar de longo prazo.
Apesar dos avanços na medicina do trauma, a prevenção – principalmente por meio de campanhas de segurança no trânsito e no trabalho – continua sendo a ferramenta mais poderosa para reduzir a incidência do politraumatismo.
Publicar comentário