Criar Cobra como Pet: Uma Opção Possível, Mas que Exige Legalidade e Responsabilidade
Belo Horizonte, [Data Atual] – A ideia de ter uma cobra como animal de estimação pode parecer exótica para muitos, mas, sim, é totalmente possível e legal no Brasil, desde que se sigam rigorosamente as normas e a legislação ambiental. Longe do estereótipo de perigo, algumas espécies são criadas em cativeiro com todos os cuidados, tornando-se pets fascinantes que exigem responsabilidade e conhecimento especializado.
Legalidade: Onde a Permissão Começa
No Brasil, a criação de cobras e outros animais silvestres como pets é regulamentada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e por órgãos ambientais estaduais. Para ter uma cobra legalizada, é fundamental que o animal seja adquirido de criadores comerciais legalizados e registrados no Ibama.
Ao comprar o animal, o tutor deve receber:
- Nota Fiscal de compra: Com dados do criador e do animal.
- Certificado de Origem: Com informações sobre a espécie, sexo, data de nascimento e, em muitos casos, número de microchipagem.
- Marcação individual: As cobras legalizadas geralmente possuem um microchip implantado ou alguma marcação permanente que as identifica, garantindo que não são animais retirados da natureza ilegalmente.
É crime ambiental capturar, comercializar ou manter animais silvestres sem a devida autorização e documentação.
Quais Espécies São Permitidas?
As cobras permitidas para criação como pets no Brasil são aquelas nascidas em cativeiro e que fazem parte de programas de manejo e reprodução autorizados pelo Ibama. As mais comuns e procuradas incluem:
- Jiboia (Boa constrictor): É uma das cobras mais populares entre os criadores no Brasil. Não é peçonhenta, tem um temperamento geralmente dócil (se manuseada corretamente desde jovem), cresce bastante (podendo passar de 2 metros) e é resistente. *
- Píton-Bola (Python regius): Uma espécie de píton de pequeno a médio porte, originária da África, muito apreciada por seu temperamento calmo e por se “enrolar em bola” quando se sente ameaçada. Não é peçonhenta e se adapta bem a terrários. *
- Corn Snake (Pantherophis guttatus): Uma cobra americana não peçonhenta, de porte pequeno, muito dócil e com uma variedade impressionante de cores e padrões. É uma excelente opção para iniciantes. *
Importante: Cobras peçonhentas (como jararacas, cascavéis, corais-verdadeiras) e espécies nativas ameaçadas de extinção não são permitidas para criação doméstica.
Cuidados Essenciais: Responsabilidade e Conhecimento
Criar uma cobra exige conhecimento específico e um ambiente adequado:
- Terrário: É fundamental ter um terrário (ou recinto) apropriado ao tamanho da cobra, com controle de temperatura (aquecimento, se necessário), umidade, ventilação, substrato, esconderijos e um recipiente para água.
- Alimentação: A dieta da maioria dessas cobras consiste em roedores (camundongos, ratos) ou aves, oferecidos mortos (para evitar acidentes) e em intervalos regulares, que podem variar de dias a semanas, dependendo da idade e do tamanho da cobra.
- Higiene: A limpeza do terrário deve ser regular para evitar o acúmulo de sujeira e a proliferação de bactérias.
- Manejo: O manuseio deve ser feito com cuidado e técnica, especialmente para cobras maiores. É importante entender o comportamento do animal para evitar estresse e possíveis mordidas (mesmo as não peçonhentas podem morder).
- Veterinário Especializado: Nem todo veterinário atende répteis. É crucial ter acesso a um veterinário especializado em animais silvestres ou exóticos para acompanhamento da saúde da cobra.
Conclusão: Um Companheiro Único para Tutores Conscientes
Ter uma cobra como pet é uma experiência recompensadora para quem se dedica a entender e atender às suas necessidades específicas. Elas são animais silenciosos, de baixa manutenção em alguns aspectos (como alimentação não diária e ausência de barulho), e proporcionam um convívio fascinante. Contudo, a decisão deve ser tomada com plena consciência da legalidade, da responsabilidade e do compromisso de longo prazo que a criação de um animal tão singular exige.
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