SERÁ O FIM DA TV PIRATA?
Apagão no IPTV: Justiça argentina derruba sinal de 22 apps piratas populares no Brasil; BTV e Red Play estão na lista
Operação internacional bloqueia domínios que abasteciam mais de 2 milhões de usuários de “TV Box” no mercado brasileiro; prejuízo para o crime organizado é milionário.
Por Luís Ricardo Garcia Sapia 2 de dezembro de 2025
BUENOS AIRES / SÃO PAULO – Milhares de brasileiros acordaram nesta terça-feira com a tela da TV preta. Em uma decisão histórica de cooperação internacional, a Justiça da Argentina ordenou o bloqueio imediato de 67 domínios de internet que sustentavam a operação de 22 aplicativos de streaming ilegal, sendo a grande maioria deles voltada para o público brasileiro.
A medida atinge em cheio os “gigantes” da pirataria digital no país: BTV, Red Play e Blue TV. Juntos, esses serviços acumulavam uma base estimada em mais de 2 milhões de assinantes, oferecendo acesso indevido a canais de TV paga, filmes recém-saídos do cinema e, principalmente, transmissões esportivas ao vivo.
O “Gato Net” Internacional
A decisão foi tomada pelo Tribunal Nacional de Primeira Instância em Contencioso Administrativo Federal nº 2 da Argentina. A ação atendeu a um pedido da Alianza (Aliança Contra a Pirataria de Televisão Paga), entidade que reúne grandes programadoras e operadoras da América Latina.
A lógica do bloqueio foi técnica: a Justiça argentina ordenou que os provedores de internet (ISPs) impedissem o acesso aos endereços IP e URLs que esses aplicativos usam para “puxar” o sinal. Como muitos servidores desses piratas estavam hospedados ou roteados via infraestrutura vizinha, o corte do sinal teve efeito dominó imediato no Brasil.
O Fim da “Caixinha”?
Os aplicativos bloqueados (BTV, Red Play, Blue TV, entre outros) operam no modelo de IPTV (TV por Protocolo de Internet). Eles cobram mensalidades muito abaixo do mercado ou vendem aparelhos (as TV Boxes) com promessa de “sinal vitalício” liberado.
Jorge Bacaloni, presidente da Alianza, celebrou a medida: “Esta é uma vitória contundente contra redes criminosas que lucram milhões com o trabalho alheio e colocam em risco a segurança digital dos usuários”.
Cerco Fechado
Esta ação se soma aos esforços da Anatel no Brasil, que desde o ano passado mantém o “Plano de Ação de Combate à Pirataria”, derrubando servidores remotamente. Para o consumidor que utiliza esses serviços, o cenário é de instabilidade total: sem garantia legal, o dinheiro investido na assinatura ou no aparelho é perdido, sem chance de reembolso.
Especialistas em segurança digital também alertam que, além de ficarem sem o sinal, usuários desses apps estão expostos a malwares que podem roubar dados bancários e informações pessoais da rede Wi-Fi doméstica.
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