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Adélia Prado, que venceu Camões, já foi interpretada por Fernanda Montenegro e Nathália Timberg no teatro
Elisa Lucinda também já viveu a escritora, que tem seus textos levados à cena desde os anos 1980
A poeta mineira Adélia Prado foi a vencedora da edição de 2024 do Prêmio Camões, o mais importante reconhecimento da literatura em língua portuguesa. O anúncio foi realizado na tarde desta quarta-feira, 26. A notícia chega apenas uma semana após Prado ter sido anunciada como a vencedora do prêmio Machado de Assis, honraria cedida pela Academia Brasileira de Letras.
A autora, com quase 50 anos de carreira no ramo literário, é também nome recorrente no teatro brasileiro, com uma série de produções idealizadas a partir de adaptações de seus poemas, contos e romances. Adélia Prado também chegou a assinar a direção de uma montagem de O Auto da Compadecida , peça mais famosa do repertório de Ariano Suassuna (1927-2014).
Aos 88 anos e prestes a quebrar um hiato de uma década com o lançamento de uma nova coletânea de poemas, Prado coleciona montagens em sua homenagem, entre elas aquela que talvez seja a mais icônica e lembrada, Dona Doida, Um Interlúdio , estrelada e produzida por Fernanda Montenegro e dirigida por Naum Alves de Souza (1942-2016).
Montado em 1987, o monólogo foi um dos grandes sucessos da carreira de Fernanda Montenegro ao longo da década de 1990, tendo sido apresentado em todas as capitais do Brasil e enfileirado sucessivas temporadas entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Roteirizado pela atriz ao lado de Fernando Torres (1927-2008) e da própria poeta, Dona Doida, Um Interlúdio encadeava poemas de Prado em um bate-papo com a plateia sobre os principais temas que percorrem a obra da escritora: o catolicismo, o regionalismo com antenas ligadas para o mundo ao redor e o sexo. A montagem cumpriu diferentes temporadas até sair de cena definitivamente em 1999.
Ao longo da década de 1990, ao menos mais seis espetáculos chegaram à cena tendo como base a obra da poeta, entre eles Paixão , montagem estrelada por Nathália Timberg e dirigida por Wolf Maya que intercalava os textos de Prado com os de autores como o principal apoiador da poesia de Prado, o também mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), a portuguesa Florbela Espanca (1894-1930) e a paulistana Betty Milan.
Baseado em poema homônimo publicado no livro de estreia da autora, Bagagem (1976), Endecha das Três Irmãs ganhou a cena em 1995 expandindo o poema de Prado sob adaptação de Vânia Terra.
Já nos anos 2000 foi a prosa da autora que ganhou a cena com a estreia de Dona de Casa , monólogo adaptado por José Rubens Siqueira do romance Memórias de Filipa . Sob a direção de Georgette Fadel, a atriz Élida Marques entrou em cena para dar vida a uma dona de casa interiorana que trata de questões acerca do cotidiano de uma cidade pequena.
Foi, por fim, em 2021 que Elisa Lucinda pôs em cena A Paixão Segundo Adélia Prado , monólogo que entrelaçava poemas religiosos e aqueles que tratavam de sexo, aproximando assim o ato carnal do divino e dando um novo prisma para a obra da poeta. A montagem cumpriu temporada até 2023 em turnê por capitais do Brasil.
O anúncio das honrarias recebidas por Adélia Prado e a publicação de um novo livro após dez anos talvez sejam os motores de propulsão para uma nova produção acerca da obra da autora que, aos 88 anos de idade, recebe em vida louros que fazem deste o momento de maior consagração de sua trajetória literária.
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