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Coletivo O Bonde apresenta trilogia de peças em que discute a morte de corpos negros
Espetáculos montados ao longo de cinco anos discutem nazismo, escravidão, imigração e envelhecimento
Um dos principais grupos a surgir na cena teatral no apagar das luzes da última década, o Bonde realiza a partir do dia 12 de maio, no TUSP Butantã, sua Trilogia da Morte , na qual remonta os três espetáculos encenados entre 2019 e 2024 e retratam a morte de corpos negros a partir da discussão de temas como o nazismo, a escravidão, a imigração e o envelhecimento.
Serão duas semanas de temporada gratuita, nas quais o grupo apresentará títulos como o seminal Quando eu Morrer vou Contar Tudo a Deus (2019), o consagrador Desfazenda – Me Enterrem Fora Deste Lugar (2021) e o recente Bom Dia Eternidade (2024).
Em Quando eu Morrer Vou Contar Tudo a Deus , O Bonde mergulha em uma investigação sobre a imigração do jovem Abou, um garoto negro nascido na Costa do Marfim e transportado do Marrocos para a Espanha em uma mala e descoberto apenas quando a mala já passava pelo scanner da imigravação espanhola.
Baseado em um caso real de 2015, o espetáculo reconta o caso por meio da figura de três contadores de histórias infantis. A montagem foi a primeira do coletivo O Bonde, formado por Ailton Barros, Filipe Celestino, Jhonny Salaberg e Marina Esteves, que estão em cena. A dramaturgia é assinada por Maria Shu e a direção é de Ícaro Rodrigues.
Já Desfazenda – Me Enterrem Fora Desse Lugar nasceu em 2020, durante a pandemia de Covid-19, e partiu também de um caso real. Descrita no documentário Menino 23 Infâncias Perdidas no Brasil , a história de 50 meninos negros levados de um orfanato no Rio de Janeiro para uma fazenda onde viviam em regime de escravidão.
Os garotos foram mantidos no endereço por três irmãos que faziam parte da Ação Integralista Brasileira, movimento de extrema direita brasileira e de ideário facsista e nazista. Tudo toma outro contorno quando tijolos com inscrições nacistas são encontrados nesta fazenda.
Sob a direção de Roberta Estrela D’Alva e texto de Lucas Moura, a obra usa de elementos do spoken word para narrar a história de quatro personagens, 12, 13, 23 e 40, pessoas pretas que quando crianças foram salvas da guerra por um padre branco, e vivem em uma fazenda, cuidando das tarefas diárias, supervisionadas por Zero.
Por fim, o grupo apresenta Bom Dia, Eternidade , espetáculo no qual narram a história de quatro irmãos idosos que recebem a restituição de um despejo que sofreram na infância. Após 60 anos, o dinheiro surge para causar uma cisão na vida do quarteto, que se reencontra para decidir o que fazer com ele.
Com texto assinado por Jhonny Salaberg e direção de Luiz Fernando Marques, a montagem é a produção mais recente do coletivo O Bonde, montada no início de 2024. A montagem conta ainda com a participação dos músicos Cacau Batera (bateria e voz), Luiz Alfredo Xavier (violão, contrabaixo e voz), Maria Inês (voz) e Roberto Mendes Barbosa (piano e voz).
A Trilogia da Morte será apresentada entre os dias 12 e 24 de maio. Nos dias 12, 13 e 14, o grupo apresenta Bom Dia, Eternidade às 18h (dom) e às 19h (seg e ter). Já Quando eu Morrer vou Contar Tudo a Deus e Desfazenda – Me Enterrem Fora Desse Lugar serão apresentados nos dias 21, 23 e 24 de maio às 14h e às 20h, respectivamente.
As apresentações acontecem no TUSP Butantã, dentro da Cidade Universitária da Universidade de São Paulo. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados com uma hora de antecedência antes de cada sessão.
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