Siga-nos

Coluna do Ricardo Viveiros

COLUNA DO RICARDO VIVEIROS

Publicado

em

O RISCO À DEMOCRACIA NOS EUA

Os Estados Unidos, nação que sempre pretendeu dominar o mundo, está diferente.

O que mudou na terra do Tio Sam?

Tudo na vida é cíclico.

Até mesmo uma democracia estável, como a norte-americana, surpreende ao ser abalada como aconteceu nos últimos dias do governo Trump.

Ele próprio é um exemplo das intempéries políticas que pode sofrer um país.

É interessante observar, no caso dos Estados Unidos, que por quase 50 anos, de Roosevelt a Reagan, o estilo de governo foi um Estado forte, corajoso, produtivo.

Ora com um republicano, como “Ike” Eisenhower, ora com um democrata, como Lyndon Johnson, tudo estava equilibrado, dentro da mesma cartilha.

Nas últimas décadas, entretanto, o que se viu foi um período tranquilo, sob um jeito modesto de ser. “Bill” Clinton comentou: “A era do governo grande terminou”.

Agora, com “Joe” Biden no manche do airbus, tem início um processo de mudanças. E não é apenas o estilo de gestão. O novo presidente norte-americano não é um burocrata, como o russo Putin; nem um financista como o francês Macron; tampouco um fanfarrão como o norte-coreano Kim Jong-un. 

Biden é do tipo menos “eu”, mais “vocês”. Ele não cria inimigos para legitimar políticas de Estado, opta por buscar parceiros e mudar a narrativa histórica dos que governaram antes dele.

Não entra no discurso vazio da não globalização.

Distante do populismo crescente, longe do imaginário de que há uma conspiração de esquerda contra o mundo, Biden é um equilibrado e discreto governante.

O que não o impede de ser astuto político, conciliador que não deixa de exercer o poder com a ambição de realizar.

Prova disso: com muito pouco tempo na Casa Branca – sem alaridos – aprovou três pacotes que envolveram quatro trilhões de dólares. 

Joe Biden completou os primeiros 100 dias de governo mudando o rumo de quase todas as políticas do seu antecessor, Donald Trump: Covid-19, meio ambiente, segurança, imigração, saúde, direitos humanos, relações internacionais.

Biden iniciou seu mandato com 44% de aprovação do público norte-americano, segundo pesquisa da NBC News.

A taxa cresceu para 50% em abril de 2022 considerando sua gestão como boa e ótima. 

O presidente norte-americano sinalizou que cresceria tributos sobre as grandes corporações, para distribuir melhor a renda diminuindo desigualdades sociais.

Sonhando grande para alcançar o mais perto possível, prometeu investir em modernas tecnologias.

Menos bélico, mais empreendedor.

Conseguiu de maneira muito especial agir em duas pontas distintas, ficando no centro, mas não em cima do muro, e assim evitando polêmicas.

O que mudou nos Estados Unidos está em quem é o seu principal competidor.

Sai Rússia, entra China.

Em vez de guerra armamentista, agora a disputa é comercial.

E isso, é claro, sem renunciar à imagem de país defensor internacional da democracia.

Novo tempo, nova visão desenvolvimentista, respeitando direitos humanos e sustentabilidade. 

Biden, além da crise econômica enfrentou também a sanitária.

Promoveu virada histórica, quando deu apoio à suspensão das patentes de vacinas contra a Covid-19 para acelerar a produção de imunizantes em países em desenvolvimento.

E, ainda por cima, reagiu à fragilidade democrática herdada do desastroso governo Trump.

Enfim, transformações em curso geram expectativa em todo o planeta, inclusive aqui no Brasil, histórico parceiro norte-americano nos princípios liberais e nos negócios. 

Contudo, agora em campanha para a reeleição, o Partido Democrata – embora pudesse apostar em Kamala Harris, a vice-presidente –, insiste em manter Biden.

Sua performance no recente debate foi melancólica.

Não por falta de competência, mas porque o histriônico Trump atropelou um concorrente sério e responsável, com nítida fragilidade por ser idoso para o desafio.

É hora do próprio Biden ser sincero consigo mesmo, e honesto com todos os demais.

Parar na hora certa não é demérito, é sabedoria.

O futuro da paz mundial passa por essa eleição nos Estados Unidos. Importantes temas de interesse internacional estão em jogo.

E no Brasil, como sempre, refletirão as consequências da escolha estadunidense.

Preocupante.