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Brasil

COLUNA DO RICARDO VIVEIROS

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A TRAGÉDIA, O CAVALO E AS FAKE NEWS

Pois é… O ser humano ataca a natureza e ela reage.

A cada dia mais frequentemente, e com maior intensidade na violência.

Estamos todos acompanhando, consternados, a calamidade que se abate sobre o Rio Grande do Sul.

Nossos irmãos estão vivendo um estado de guerra.

Um cavalo, o “Caramelo”, tornou-se símbolo da resistência às forças das águas no triste cenário gaúcho que, por tradição, tem nesse animal um fiel companheiro para o trabalho, o lazer e, até mesmo, em espetáculos culturais.

O Brasil e o Mundo sofreram torcendo por “Caramelo”.

O animal parado sobre um telhado de uma casa submersa, imóvel, como se fosse uma estátua de tantos outros cavalos que entraram para a História Universal. 

Os equinos existem há 55 milhões de anos. Estão na mitologia grega como o “Centauro”, metade homem metade cavalo, ou ainda o “Pégasus”, o cavalo com asas e que denomina uma constelação.

A presença desses animais que se tornaram ilustres, quase tanto quanto seus donos, está na trajetória humana e é muito respeitada. 

Cavalos ilustres: “Bucéfalo”, de Alexandre, “o Grande” (335 a.C.); “Marengo”, de Napoleão Bonaparte; “Babieca”, de El Cid; “Palomo”, de Símon Bolívar; “Sefton”, que sobreviveu a um ataque a bomba no Hyde Park, em Londres, pelos terroristas do IRA.

Sem falar dos cavalos literários e artísticos: “Rocinante”, em “Dom Quixote de la Mancha”, de Miguel de Cervantes; e “Mister Ed”, inspirado em contos de Walter Rollin Brooks, que nos anos 1960 encantou milhões de pessoas com seu seriado na TV. 

Não se pode deixar de fora dessa ilustre galeria, claro, o “Cavalo de Troia”, supostamente um ardiloso instrumento de guerra construído pelos gregos e que lhes trouxe a vitória na guerra relatada no poema épico “Ilíada”, atribuído a Homero.

Não sou nacionalista, mas me atrevo a dizer que, para nós brasileiros, “Caramelo” pode estar entre nossos heróis da resiliência, expressão em moda.

O que mais me impressiona nisso tudo – tirando as vidas e os patrimônios perdidos e a irresponsabilidade dos governantes que, entra ano sai ano, culpam São Pedro por desastres climáticos – está nas pessoas insensíveis que criticaram duramente o presidente da República pela frase: “Fui dormir inquieto com a imagem do cavalo no telhado”.

Lula, desde o primeiro momento da tragédia, foi e continua presente viabilizando soluções práticas para o momento e para o futuro das áreas atingidas.

Interagindo com o governador e os prefeitos do estado, sem preocupações com seus partidos ou ideologias.

O que remete nossa memória ao passado, quando de desastres assemelhados como na Bahia, em 2021.

O então presidente da República, Jair Bolsonaro, tirava folga curtindo jet sky em um balneário catarinense enquanto morriam dezenas de pessoas e outras milhares ficavam desabrigadas.

O que inquieta mais: A referência natural do presidente Lula à imagem que emocionou milhões de humanos no Brasil e no Exterior diante de um símbolo do tamanho da destruição ou a triste lembrança de outro político que nunca deu a menor importância à saúde, à cultura, à educação e jamais respeitou direitos humanos?

O que me inquieta, tenham certeza, é a quantidade de fake news deturpando a verdade dos fatos, neste momento de preocupação, lamento e solidariedade de todo o povo brasileiro.

Essas mentiras são produzidas pela indústria do ódio, que segue ativa e tentando defender um passado de horror que, para começar a fazer justiça (ainda faltam punições), já tornou inelegível quem lidera tudo isso. 

É preciso lembrar sempre, para não acontecer de novo!    

Ricardo Viveiros, jornalista, professor e escritor, é doutor em Educação, Arte e História da Cultura (Universidade Presbiteriana Mackenzie); autor, dentre outros livros, de "A vila que descobriu o Brasil", "Justiça seja feita" e "Memórias de um tempo obscuro". Apresenta o programa “Brasil, mostra a tua cara!” às sexta-feiras, 23 horas, na TV Cultura.

3 Comentários

1 Comentário

  1. Walter Vicioni Gonçalves

    maio 13, 2024 at 10:16 am

    Excelente e lúcido esse artigo do R. Viveiros.

    • Ricardo Sapia

      maio 13, 2024 at 1:32 pm

      Muito obrigado pelo comentário e continue a divulgar nosso site.

  2. fernando dezena

    maio 19, 2024 at 9:39 am

    muito bom, o Viveiros sempre muito lúcido

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