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BH e Região Metropolitana

Exibição de filme e debate abrem o Festival do Clima no Parque Municipal

“Quanto vale o fim do mundo?” Essa pergunta será a reflexão que norteará o primeiro debate do Festival do Clima, realizado no Parque Municipal Américo Renné Giannetti e outros espaços da cidade até o domingo (9)

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Exibição de filme e debate abrem o Festival do Clima no Parque Municipal

“Quanto vale o fim do mundo?”. Essa pergunta será a reflexão que norteará o primeiro debate do Festival do Clima, realizado no Parque Municipal Américo Renné Giannetti e outros espaços da cidade até o domingo (9). A atividade ocorrerá nesta quarta-feita (5), às 19h45, logo após a exibição do filme “Rejeito”, e contará com a participação de diretor, Pedro de Filippis, da ambientalista Maria Teresa Corujo, e terá a mediação de Carlos Canela. A programação completa e gratuita do Festival, está disponível on-line ! O filme rejeito é um dos 27 filmes que serão exibidos no Festival do Clima, e fazem parte do Festival Natureba, que terá 32 sessões de longas e curtas distribuídas entre o Teatro Francisco Nunes e o Cine Santa Tereza. O Festival Natureba é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.

As mudanças climáticas, além dos rompimentos de barragens e suas consequências para milhares de pessoas, serão as temáticas exploradas e que se fazem tão presentes no cotidiano de toda a população. Por meio de um bate-papo, os convidados trarão um pouco das experiências e estudos, estimulando a reflexão sobre como as ações humanas impactam negativamente o meio ambiente e quais os caminhos para mudar um panorama que atualmente se mostra tão desfavorável para a manutenção da biodiversidade.

“O tema dialoga de várias formas com o momento que vivemos no planeta Terra. Afinal, os eventos extremos não estão só batendo à porta, mas estão sentados no sofá da sala, num sentido figurado. O que há 20 anos eram ‘mudanças climáticas’, hoje representam uma grave crise climática com perspectivas de extinção também da humanidade, porque ultrapassaram-se limites. E, apesar disso, se testemunham situações onde o topo do atual modelo socioeconômico quer se manter como se nada estivesse acontecendo, só dando novas roupagens para parecer que há melhorias nos modos de produzir e de consumir. Existe um abismo entre a gravidade do momento, chamada por alguns de ‘fim do mundo’, e o modo como esse modelo se comporta”, explica Maria Teresa Corujo.

Rejeito e a mineração no estado

Minas Gerais destaca-se no cenário nacional com muitas reservas de minério de ferro. Superpostos a essas jazidas, encontram-se grandes aquíferos, responsáveis pela recarga das principais bacias hidrográficas do estado. Cerca de metade delas estão na região conhecida como Quadrilátero Ferrífero Aquífero, onde se encontram cidades como Mariana e Itabira.

É nesse cenário, com personagens impactados pelo rompimento das barragens em Mariana e Brumadinho, além de outras cidades que vivem o medo do rompimento, que se desenvolve “Rejeito”.  O filme será exibido durante o Festival do Clima, na quarta-feira (5), às 18h30, no Teatro Francisco Nunes. “A ideia do filme surgiu da identificação do abandono no lugar onde cresci. As mesmas montanhas que cercam Belo Horizonte escondem as dezenas de minas do quadrilátero ferrífero-aquífero. Quando comecei a viajar pelo estado, ainda adolescente, com um olhar crítico sobre isso, comecei a fazer as assimilações com os impactos invisíveis na capital e a perceber que existe uma situação de abandono fundada na base do extrativismo. A etimologia da palavra ‘abandono’ remete a abdicação de qualquer poder ou jurisdição. A ocupação do homem branco em Minas Gerais se deu em função do extrativismo e assim continua. Historicamente, o mineiro foi impelido a abdicar de qualquer forma de empoderamento. A mineração fundou o estado e nomeou o seu povo mineiro, para que nunca esquecessem o seu propósito neste território e nunca ousarem outra forma de ocupá-lo. Sem utopias ou novos horizontes, o mineiro se tornou o rejeito do próprio ofício. Eu acredito que o abandono é um lugar comum no subconsciente de quem vive ali, e eu não sou exceção. Transformar esse incômodo em um filme é um caminho óbvio para quem tem o cinema como ferramenta de expressão”, explica o diretor Pedro de Filippis.

Um pouco mais sobre os convidados do debate “Quanto vale o fim do mundo?”

Maria Teresa Viana de Freitas Corujo, mais conhecida como Teca, é moradora de Caeté há 25 anos e membro das ongs MACACA e Instituto Cordilheira. É pedagoga pela UFRJ e pós-graduada em Educação Ambiental, Sustentabilidade e Agenda 21 pelo Centro de Ecologia Integral/Faculdade Metropolitana de Belo Horizonte. Atua há 22 anos como ambientalista, no SOS Serra da Piedade, Movimento pelas Serras e Águas de Minas (MovSAM) e Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela. Representando a ONG Instituto Guaicuy, é conselheira titular no Subcomitê Águas do Gandarela (que faz parte do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas) e no conselho do Monumento Natural Estadual Serra da Piedade. Foi conselheira por vários anos do Conselho Estadual dos Recursos Hídricos (CERH) e do Plenário e duas câmaras técnicas do Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas Gerais).

Pedro de Filippis é documentarista de Belo Horizonte, MG. O seu primeiro documentário, Os Pêssegos da Cornicha (2009), sobre os impactos do Projeto Apolo da Vale na comunidade de André do Mato Dentro ganhou o prêmio de melhor documentário nos festivais Mostra Minas de Cinema e Vídeo e no Cinecipó, sendo exibido também no México e Argentina. Em 2016, Pedro foi selecionado para o programa europeu MFA Doc Nomads, através do qual realizou vários filmes em Portugal, Hungria e Bélgica durante os dois anos do programa. Ele também é alumni do Logan NonFiction Program e do Points North Fellowship. Em 2021 foi indicado ao prêmio Global Emerging Filmmaker pela Netflix e IDA.

Carlos Antônio Duarte da Cruz, conhecido como Carlos Canela, é formado em letras pela Universidade Federal de Viçosa e é sócio proprietário da Carabina filmes e da Carabina Cultural, onde trabalha na direção de curtas, longas e documentários, elaboração de roteiros e edição de vídeos e filmes. Dirigiu dois documentários de longa-metragem, “O Homem Roxo, de 2010 e “Coisa Nossa”, de 2012. Dirigiu e roteirizou, também, o documentário de média-metragem “O Canto da Araponga” para o DOC-TV da Rede Cultura em 2004, além de dirigir e roteirizar cerca de 15 curtas metragens. Em 2021, organizou o Festival de Cinema Ambiental de Sarandira – Sarancine, que já está em sua quarta edição e em 2024 trabalha na produção do primeiro Natureba – Festival de Cinema Ambiental de Belo Horizonte, expandindo os horizontes do festival e trazendo os debates para a capital mineira.

Sobre o Festival do Clima

O Festival do Clima acontece de 5 a 9 de junho, tendo a programação principal no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, mas com atividades também no Teatro Francisco Nunes, Cine Santa Tereza e outros parques espalhados por diferentes regiões da cidade.

Apresentações artísticas, cinema, gastronomia, oficinas, atividades educativas e muito debate integram a programação gratuita. Para participar de algumas atividades, é necessária a inscrição prévia.

O Festival do Clima é realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, o Movimento Virada Climática, o Festival Natureba e o Paraíso Veg. A proposta é abrir espaço para uma tomada de consciência sobre o papel de cada um nas mudanças climáticas que estão ocorrendo em todo o planeta, envolvendo o público de diferentes idades. A programação completa do Festival está disponível on-line.

Serviço

Exibição do filme “Rejeito” e debate “Quanto Vale o Fim Do Mundo?”

Horário : 18h30

Local: Teatro Francisco Nunes

*Debate com acessibilidade em libras