BH e Região Metropolitana
Hospital Odilon Behrens garantiu leitos essenciais no combate à covid-19
O Hospital Metropolitano Odilon Behrens (HOB) foi indispensável para a rede SUS-BH no atendimento às urgências e demandas especializadas da população de Belo Horizonte e região metropolitana No enfrentamento à mais grave crise sanitária deste século, a atuação da instituição não foi diferente
O Hospital Metropolitano Odilon Behrens (HOB) foi indispensável para a rede SUS-BH no atendimento às urgências e demandas especializadas da população de Belo Horizonte e região metropolitana. No enfrentamento à mais grave crise sanitária deste século, a atuação da instituição não foi diferente. Em março de 2020, o Complexo HOB iniciou as ações de preparação para o enfrentamento à pandemia de covid-19. Naquele momento, apesar das já preocupantes notícias que chegavam sobre o vírus, ainda não era possível dimensionar o tamanho e a complexidade do desafio a que o sistema de saúde estaria submetido nos dois anos seguintes.
Para definir as ações a serem tomadas diante das dificuldades impostas pela pandemia, foi criado um grupo de trabalho, que se reunia semanalmente, com a participação da diretoria, gerentes e coordenadores das áreas assistenciais e de apoio do HOB. O Plano de Gerenciamento de Crise da instituição foi rediscutido para o enfrentamento à pandemia. Esse documento foi reconhecido como modelo de sucesso no Plano de Resposta Hospitalar Covid-19, do Ministério da Saúde, que orientava os hospitais do país sobre como se organizarem para atender ao aumento súbito da demanda.
Os dois primeiros casos confirmados de covid-19 com internação no HOB ocorreram na semana do dia 17 de abril de 2020. Em dezembro, já eram 850 casos confirmados. No final de 2021 já haviam sido internados 2.599 pacientes. Um ano depois, já eram 2.933 internações. À medida que os números de casos cresciam, o Complexo HOB foi se readequando e abrindo novos leitos para atender à população. Em julho de 2020, foi inaugurada uma nova enfermaria, com 63 leitos, destinada ao atendimento exclusivo de pacientes adultos com covid-19.
Na terapia intensiva, os 10 leitos iniciais de CTI adulto se transformaram em 37 leitos no pico da pandemia. Foram 20 leitos remanejados dos CTIs já existentes no hospital e a criação de mais 17 leitos exclusivos, além dos leitos das salas de emergência que também abrigavam pacientes graves da doença. Os 38 leitos de Clínica Médica da Unidade Hospitalar Nossa Senhora Aparecida (UHNSA) foram transformados em leitos de retaguarda, atuando estrategicamente na redução do fluxo clínico da porta de emergência da sede, possibilitando manter o atendimento a pacientes com outras patologias.
Em vários momentos, os fluxos de atendimento foram redesenhados para evitar que pacientes com covid-19 entrassem em contato com aqueles com outras queixas e tratamentos. Tanto nas portas de urgências quanto nas enfermarias, foram destinados espaços isolados. Apesar de ter se dedicado amplamente ao enfrentamento da pandemia, os demais atendimentos do Complexo Hospitalar Odilon Behrens continuaram a ser realizados, garantindo a assistência que a população necessitava.
Para a proteção dos profissionais, foram disponibilizados Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como luvas, máscaras cirúrgicas e N95, protetor facial, capote, gorro e óculos, para que os trabalhadores pudessem atender com segurança aos procedimentos, reduzindo os riscos de contaminação. Foram desenvolvidos protocolos e fluxogramas de atendimento para cada grupo de pacientes — adultos, crianças e gestantes — e as equipes receberam treinamento sobre o uso correto dos EPIs e cuidados nos momentos de paramentação e desparamentação.
Para Taciana Malheiros, superintendente do Complexo Hospitalar Odilon Behrens, a importância da atuação do HOB durante a crise sanitária de covid-19, demonstrou, mais uma vez, o comprometimento da instituição e das equipes com a assistência de qualidade à população e dedicação ao SUS-BH. “O HOB teve uma representatividade importante no município para as internações de pessoas com diagnóstico de covid, sendo o segundo hospital que mais internou pessoas com a doença. Isso é fruto do empenho e compromisso das equipes assistenciais”, afirmou.
Humanização e acolhimento
As incertezas de uma doença nova, a gravidade dos pacientes e a ansiedade de familiares demandaram ações de acolhimento e atenção integral, que foram abraçadas por equipes comprometidas a buscarem alívio das dores do corpo e do espírito.
A equipe da terapia ocupacional desenvolveu um kit para ser utilizado em pacientes entubados e em posição de prona, com o objetivo de aliviar ou reduzir os danos à pele, além de preservar as articulações. Essa iniciativa trouxe maior qualidade na assistência dos pacientes e menores perdas secundárias de movimentos em decorrência do tratamento.
Com a impossibilidade de se manter visitantes e acompanhantes a pacientes com covid-19, devido ao risco de contaminação, foi necessário criar um novo fluxo de comunicação com as famílias. Além dos horários específicos para os boletins médicos, passados por telefone, foram realizadas visitas virtuais, por meio de chamadas de vídeo, que eram acompanhadas pela equipe de psicologia das Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Esse cuidado aliviava a ansiedade das famílias e dos pacientes que permaneciam isolados e, em alguns casos, possibilitaram a despedida aos entes queridos.
Foram realizadas mais de mil visitas virtuais nos CTIs e enfermaria covid, somente em 2020. A equipe também ofereceu aos familiares atendimentos psicológicos por telefone ou via WhatsApp, realizando mais de 500 atendimentos. Para amenizar a solidão na enfermaria covid-19, a equipe se empenhou em três projetos de humanização, que levaram leveza e alegria aos pacientes e trabalhadores. O “Parabéns para você!” presenteava os pacientes aniversariantes com um bolo, preparado pela Gerência de Nutrição e Dietética, e um cartão de aniversário. A equipe se reunia em torno do leito para celebrar a vida do paciente.
Com a iniciativa “qual o seu prato especial?”, o paciente escolhia uma refeição preparada especialmente para ele, mesmo que não estivesse prevista no cardápio do hospital. A alta hospitalar ganhou mais cor e gratidão com o certificado “Eu venci a Covid-19” que todo paciente passou a receber, como um ato de celebração pela sua recuperação.
Cuidando de quem cuida
Estar na linha de frente de enfrentamento à covid-19 trouxe orgulho, mas também muito cansaço e desgaste emocional para os profissionais. Para cuidar de quem estava cuidando, o HOB desenvolveu um trabalho especial de escuta, orientação e encaminhamento para os profissionais.
A equipe de psicologia vem promovendo nos setores intervenções em grupo para escuta das demandas e temas específicos. Esses momentos permitem aos profissionais exporem e compartilharem suas preocupações, angústias e medos, apoiando-se mutuamente e aliviando o estresse causado pela situação de pandemia.
No dia 19 de janeiro de 2021, o HOB recebeu as primeiras doses da vacina contra a covid-19 para imunizar os trabalhadores da linha de frente. O momento foi celebrado com muita emoção e alegria e por toda a equipe.