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Tapa volta ao Ruth Escobar após 20 anos com peça sobre encontro de Freud com desconhecido
Espetáculo marca trabalho contínuo de revitalização artística de um dos principais teatros de SP
Espetáculo que chegou aos palcos originalmente em 2023, Freud e o Visitante foi passo adiante nos estudos e investigações do diretor Eduardo Tolentino de Araújo e do grupo Tapa acerca das relações entre o teatro e a psicanálise, iniciados em 1993, com a montagem de Melanie Klein , espetáculo do dramaturgo britânico Nicholas Wright sobre a relação entre Melanie Klein (1882-1960) e sua filha, a também psicanalista Melitta Schmideberg (1904-1983) e estrelado por Nathália Timberg .
Com reestreia agendada para 05 de julho no palco da Sala Dina Sfat do Teatro Ruth Escobar, Freud e o Visitante marca uma nova investigação entre a dramaturgia e a psicanálise adicionando novos panoramas, entre eles o abalo das convicções do pai da psicanálise Sigmund Freud (1856-1939) acerca de Deus, da religião e a relação estabelecida entre os dois temas e a vida em sociedade.
Escrito em 1993, o texto do dramaturgo belga de origem francesa Éric-Emmanuel Schmitt é ambientado durante o processo de anexação da Áustria pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Sem esperar que os austríacos tivessem uma adesão tão rápida e fervorosa aos ideais nazistas, o psicanalista se vê obrigado a partir da terra em que pretendia passar seus últimos anos quando sua filha, Anna Freud (1895-1982), é levada a depor pelas forças da Gestapo.
Nesse cenário, enquanto espera o retorno da filha, Freud recebe a visita de um desconhecido, com quem trava um debate de ideias acerca da vida, do papel do homem na sociedade, da influência religiosa e da existência ou não de Deus. Num embate entre o ateísmo crítico e a fé que considerava subserviente, Freud se vê em uma esgrima argumentativa enquanto ainda precisa lidar com os efeitos de seu recém-diagnosticado câncer na boca.
Fictício, o encontro descrito por Schmitt tem como pano de fundo a correspondência entre Sigmund Freud e o escritor e ensaísta C.S. Lewis (1898-1963), um ex-ateu que abandona suas crenças e se torna um religioso fervoroso. Embora jamais tenha se concretizado, o encontro entre os dois pensadores foi o pano de fundo para A Última Sessão de Freud , peça de Mark St. Germain que ganhou montagem brasileira estrelada por Odilon Wagner e Cláudio Fontana e uma versão cinematográfica estrelada por Anthony Hopkins.
Sob a direção de Eduardo Tolentino de Araújo, “Freud e o Visitante” é estrelado por Brian Penido Ross, Bruno Barchesi, Anna Cecília Junqueira e Adriano Bedin e marca o retorno do grupo Tapa ao palco da Sala Dina Sfat, no Teatro Ruth Escobar, após 20 anos de sua última montagem no espaço.
Em 2003, a companhia montou A Mandrágora , peça de Nicolau Maquiavel (1469-1527) que, à época, foi estrelada por Rodrigo Lombardi . A nova temporada de Freud e o Visitante faz parte também de um processo de revitalização artística do Teatro Ruth Escobar, que nas últimas duas décadas dedicou sua programação a comédias populares que nem sempre estiveram à altura de sua história.
A montagem do Tapa acompanha um movimento encabeçado por espetáculos como A Milionária , com Chris Couto e Sergio Mastropasqua, e Prazer, Hamlet , com Rodrigo Simas . A montagem fica em cartaz até o dia 01 de setembro, com sessões de sexta-feira a domingo, sempre às 20h. Os ingressos custam de R$ 40 (meia) a R$ 80 (inteira).
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