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Brasil

COLUNA DO RICARDO VIVEIROS

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em

VOTO É COISA SÉRIA

Difíceis os tempos que vivemos.

Enfrentamos terríveis tragédias climáticas.

Conflitos armados e guerras.

Crescente violência rural e urbana, sem respeito à diversidade.

\Crises econômicas.

Recorrentes surtos, até pandemias, de doenças que matam (covid, dengue, zika, chikungunya, H1N1, hantavírus, mpox, e a retomada da poliomielite, hepatite B, tuberculose e difteria).

Por fim, políticos e gestores públicos muito aquém do desejável, são candidatos às eleições municipais deste ano.

A tecnologia da informação cresce bem acima da educação e cultura.

Cada vez mais, pessoas que não entendem o que recebem nas redes sociais agem contra elas próprias por desconhecimento do que leem.

Acreditam nas fake news disseminando o ódio, causando o mal.

A publicidade das campanhas, os debates, as pesquisas de opinião apontam os menos éticos, despreparados e sem condições de ocupar cadeiras nos parlamentos e/ou governar, com chances de serem eleitos.

Consequência da falta de educação e cultura.

Historicamente governantes golpistas e corruptos não investiram nessas áreas, não deixaram o povo ser politizado porque, claro, gente preparada os rejeita.

A mídia, legítima e séria, luta para informar, trazer fatos e desmentir desonestas versões.

Sofre o combate dos poderosos (políticos e seus financiadores).

Afinal, como sempre digo, a imprensa existe para defender governados, não para agradar governantes.

É difícil conviver com candidatos que não têm o mínimo respeito por eles mesmos, muito menos para com os demais.

Sempre defendi que liberdade de expressão exige responsabilidade de expressão.

Quem propaga mentiras, faz grosserias deve ser punido exemplarmente.

A legislação eleitoral não contribui para uma isonomia, a publicidade dos candidatos acontece em condições financeiras desiguais.

Existe nas rádios e nas TVs um horário eleitoral gratuito.

São altíssimos os custos para, com renomados marqueteiros e excelentes equipes de produção contratados a peso de ouro, criar o que será veiculado na tal propaganda eleitoral “gratuita”.

É assim que a banda toca… O que nos resta?

Desistir, votar em branco ou anular como forma de protesto?

Ao contrário, o voto deve ser consciente, responsável.

Não cabe pensar que o candidato escolhido não será eleito, e votar no que está liderando as
pesquisas.

Não se trata de ganhar ou perder.

Porque escolher sem convicção, acreditar que não “perderá” o voto, será uma derrota de todos.

O tal “voto útil” pode ser bem inútil.

O que deve prevalecer é a qualidade da escolha, e pelos predicados do candidato.

Sua origem, sua comprovada honestidade, capacidade, propostas e como irá realizar cada uma delas.

Eleição é festa da democracia, não “balada”.

O ato cidadão de votar impõe cuidados na escolha de quem irá ao parlamento, quem irá ao governo.

Todos os candidatos dizem e prometem o mesmo: que têm origem simples; conhecem o sofrimento do povo; irão cuidar de saúde, educação, moradia, emprego, segurança, transportes.

Mas, qual deles está dizendo – como e com quais recursos – cumprirá com o que anuncia?

Bom lembrar que todos dependerão dos eleitos às Câmaras Municipais para aprovar projetos.

Seu candidato a prefeito tem os mesmos compromissos do seu candidato a vereador?

Isso também importa.

Respeite você, todos nós, sua cidade. Respeite o poder do seu voto!

Ricardo Viveiros, jornalista, professor e escritor, é doutor em Educação, Arte e História da Cultura (Universidade Presbiteriana Mackenzie); autor, dentre outros livros, de "A vila que descobriu o Brasil", "Justiça seja feita" e "Memórias de um tempo obscuro". Apresenta o programa “Brasil, mostra a tua cara!” às sexta-feiras, 23 horas, na TV Cultura.