Bahia
COLUNA DO RICARDO VIVEIROS
O Perigo Trump
As eleições norte-americanas, que ocorrerão amanhã, trazem à tona um cenário de incertezas e desafios, em especial para o Brasil. Uma eventual vitória do republicano Donald Trump não apenas reconfiguraria o panorama político dos Estados Unidos perante o mundo, mas também teria repercussões significativas nos planos econômicos, políticos e comerciais do governo brasileiro. A possibilidade de um retrocesso nas relações internacionais é um tema que preocupa analistas, acadêmicos e governantes.
No Palácio do Planalto, a estratégia é clara: manter uma postura de “pragmatismo”. Essa abordagem remete à época em que Luiz Inácio Lula da Silva estabeleceu relações com George W. Bush, há duas décadas. A ideia é que, independentemente do resultado das eleições, o Brasil não deve ser o responsável por uma crise nas relações bilaterais. No entanto, a realidade é que a vitória de Trump poderia desencadear uma série de eventos que exigiriam uma reavaliação dessa estratégia.
Um dos principais pontos de preocupação é a possibilidade de uma ofensiva protecionista por parte de Trump. O candidato tem demonstrado uma concreta xenofobia, chegando a dizer que imigrantes latinos nos EUA comem seus pets (gatos e cachorros). Durante seu primeiro mandato, o ex-presidente demonstrou uma tendência a adotar políticas que favorecem a indústria americana em detrimento de produtos importados. Se essa postura se repetir, produtos brasileiros poderiam ser severamente afetados, impactando setores chave da economia nacional, como agricultura e manufatura. A dependência do Brasil em relação ao mercado norte-americano torna essa situação ainda mais delicada.
Além disso, a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que se intensificou durante a anterior administração Trump, pode ter efeitos colaterais para o Brasil. O país, que busca diversificar suas exportações e fortalecer sua presença no mercado asiático, pode se ver em uma posição complicada se as tensões entre as duas potências se agravarem. A necessidade de alinhar-se a um dos lados pode limitar as opções do Brasil e prejudicar seu projeto de integração regional. O Brasil, como se sabe, também é contra o bloqueio norte-americano a Cuba e, hoje, a questão da Venezuela também está na pauta do dia.
Outro fator a ser considerado é a possibilidade de uma elevação das taxas de juros nos Estados Unidos. Uma política monetária mais restritiva pode levar a um aumento do custo do crédito global, afetando diretamente os investimentos no Brasil. O país já enfrenta desafios econômicos internos, e um cenário de juros altos pode agravar a situação, dificultando a recuperação econômica e a implementação de reformas necessárias.
Enfim. Como se observa, o tio Sam não é mais aquele. Muita coisa mudou na denominada maior democracia mundial. Mesmo diante dos graves problemas que envolvem o cidadão Trump, bem como o ex-presidente Trump, que incluem processos na justiça e a trágica invasão do Capitólio em claro negacionismo constitucional de seus adeptos – como aqui no Brasil, onde se fala de anistiar os terroristas do 8 de janeiro de 2023 e, de quebra, seu líder, Jair Bolsonaro – a seita que não aceita as regras do estado democrático de direito apoia as “democraturas”.
A eleição de Kamala Harris é a única certeza de paz e respeito aos direitos humanos, com desenvolvimento sustentável.