Minas Gerais
Seis a cada 10 donos de pequenos negócios de brechós investem em lojas físicas e virtuais
Nos últimos anos, o mercado dos brechós ganhou relevância na sociedade, assegurando emprego e renda para as famílias e valorizando práticas sustentáveis e a economia circular.
A mudança de comportamento nas tendências da moda, estimulada pelo surgimento de novos públicos, ajuda a aquecer o setor e a ganhar novos empreendimentos.
Uma pesquisa inédita realizada pelo Sebrae Minas mostra quase seis a cada dez donos de pequenos negócios do segmento já operam com lojas física e on-line simultaneamente, o que reforça o crescimento da atividade em todo o estado.
Os dados foram coletados entre outubro de 2023 e março de 2024, com cerca de 100 brechós de Minas Gerais.
Com foco na gestão do segmento, o estudo buscou conhecer estratégias de vendas, aquisição de estoque, precificação e marketing, além de entender o perfil dos consumidores e dos gestores desses empreendimentos.
De acordo com a pesquisa, 22% das micro e pequenas empresas investem somente em lojas físicas, enquanto a mesma porcentagem continua apostando em estabelecimentos que operam exclusivamente pelos canais digitais.
“Minas Gerais se tornou referência nos últimos anos pelo crescimento de brechós, sendo uma das atividades com destaque em todo o país na geração de renda. No entanto, conquistar novos clientes é sempre um desafio a mais para os empreendedores, o que os motivam a buscar variadas opções de canais de vendas.
Os números mostram que há uma tendência significativa de expansão múltipla das plataformas, com o objetivo de maximizar o alcance e a conveniência tanto para os vendedores quanto para os consumidores”, destaca a analista do Sebrae Minas Tábata Moreira.
Entre os donos de pequenos negócios entrevistados na pesquisa, 52% já estão no ramo dos brechós acima de três anos. Do total, 16% trabalham com os empreendimentos de cinco a oito anos e 13% estão no negócio há mais de oito. Somente 16% se encontram nesse tipo de atividade há menos de um ano, enquanto 31% dos respondentes apontaram que trabalham nos brechós de um a três anos. “O ramo de brechós sempre teve uma dinâmica ao longo dos anos, com muitas entradas novas, mas se tornou uma base estável de operações a longo prazo. Isso significa que é uma atividade com boa retenção após o período crítico enfrentado por todo tipo de negócio, independentemente do setor”, justifica Tábata.
A pesquisa relatou que 47% dos pequenos negócios se preocupam com o marketing e atração de novos clientes. Para 41%, a maior preocupação é a aquisição de estoque de qualidade, enquanto 33% relataram problemas de gestão financeira. Por fim, 32% lembraram do controle e organização de estoque e 25% afirmaram que a sazonalidade das vendas é o principal desafio do negócio.
Perfil dos consumidores
A pesquisa inédita também abordou o comportamento dos consumidores na aquisição de peças de roupas dos brechós.
Para 61% dos entrevistados, a preferência pelo mercado de usados é devida à qualidade das peças. Outros 27% compram pela possibilidade de terem acesso a roupas de grife.
“Muitos clientes já se atentaram para o consumo consciente das peças e à possibilidade de adquirirem roupas de alto padrão que teriam um valor mais elevado nas lojas convencionais. Logo, eles estimulam o reuso das peças e contribuem para o fortalecimento dos negócios do setor”, explica a analista do Sebrae Minas.
Referência em moda
Com o crescimento do mercado de reuso, principalmente durante a pandemia, o Sebrae Minas criou o Moda Brechó, uma iniciativa que desde 2022 – anteriormente chamado de “Viver de Brechó” – oferece capacitações em gestão, finanças e marketing e incentivo à formalização.
Além disso, as empreendedoras aprendem sobre estratégias de relacionamento com o cliente, marketing digital e técnicas de vendas.
A iniciativa integra as ações do programa Integra Moda, desenvolvido para tornar Minas Gerais como referência na moda e uma das principais rotas de comércio desse mercado no país.
O programa também inclui a promoção de eventos, ações e programas direcionados a diversos segmentos da moda, respeitando e ativando as vocações locais por meio da inteligência de dados.
BRECHÓS EM NÚMEROS (fonte Receita Federal)
Minas Gerais
2.650 pequenos negócios
2.141 MEI (80,55%)
467 microempresas (17,57%)
42 empresas de pequeno porte (1,58%)
Belo Horizonte
529 pequenos negócios
420 microempreendedores individuais (78,5%)
93 microempresas (17,38%)
16 empresas de pequeno porte (2,99%)